09 dezembro 2005
"Delenda Bevilaqua"
Paulo Nogueira Batista Jr.
09/12/2005
Uma curiosidade: trata-se de um gordo. Dizia Nelson Rodrigues que as banhas predispõem aos afetos, à conciliação, aos aconchegos. Nesse caso, não. O gordo em questão se notabiliza, ao contrário, pela inflexibilidade e pelo dogmatismo.
Ora, o Banco Central é provavelmente o último lugar em que se deve colocar um dogmático. A autoridade monetária trabalha em um ambiente marcado por incertezas e riscos. Não consegue interpretar e prever o funcionamento da economia com precisão. Os efeitos das decisões de política monetária, cambial e financeira são sempre difíceis de antecipar.
Nessas condições, caro leitor, fundamentalistas costumam produzir desastres. De posse das alavancas decisórias na área monetária, um grupo de tecnocratas, ou mesmo um economista individual, pode fazer um estrago monumental. A combinação mais perigosa é essa mesma: inexperiência e dogmatismo. Aliás, o segundo resulta, às vezes, da primeira.
Encontrei-me, nesta semana, com o célebre economista argentino Roberto Frenkel. Ele conhece bem o Brasil, mas perguntou-me, espantado: ''Explica uma coisa: como é que o governo brasileiro conseguiu a proeza de derrubar o PIB com a economia mundial em fase de forte expansão, com todos os ventos internacionais a favor?''.
Paulo Nogueira Batista Jr.
09/12/2005
Uma curiosidade: trata-se de um gordo. Dizia Nelson Rodrigues que as banhas predispõem aos afetos, à conciliação, aos aconchegos. Nesse caso, não. O gordo em questão se notabiliza, ao contrário, pela inflexibilidade e pelo dogmatismo.
Ora, o Banco Central é provavelmente o último lugar em que se deve colocar um dogmático. A autoridade monetária trabalha em um ambiente marcado por incertezas e riscos. Não consegue interpretar e prever o funcionamento da economia com precisão. Os efeitos das decisões de política monetária, cambial e financeira são sempre difíceis de antecipar.
Nessas condições, caro leitor, fundamentalistas costumam produzir desastres. De posse das alavancas decisórias na área monetária, um grupo de tecnocratas, ou mesmo um economista individual, pode fazer um estrago monumental. A combinação mais perigosa é essa mesma: inexperiência e dogmatismo. Aliás, o segundo resulta, às vezes, da primeira.
Encontrei-me, nesta semana, com o célebre economista argentino Roberto Frenkel. Ele conhece bem o Brasil, mas perguntou-me, espantado: ''Explica uma coisa: como é que o governo brasileiro conseguiu a proeza de derrubar o PIB com a economia mundial em fase de forte expansão, com todos os ventos internacionais a favor?''.