30 junho 2006

 

  • "Fazer política para pobre é uma coisa muito prazerosa. Seria tão mais fácil a gente governar se tivéssemos que cuidar só dos pobres. Os pobres não dão trabalho.”

    Lula
    29/06/2006

29 junho 2006

 


  • “É melhor negócio ser pobre hoje do que o foi no governo anterior. (Melhor negócio foi, e é, ser rico, tanto com o PSDB como com o PT).”

    Elio Gaspari
    28/06/2006

 

Lucro de bancos é recorde sob governo do PT
Folha de SãoPaulo
29/06/2006

O lucro dos bancos brasileiros foi recorde nos três primeiros anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva, superando índices registrados nos Estados Unidos.A taxa de rentabilidade mediana das instituições brasileiras foi de 17% em 2003, enquanto as americanas marcaram 14,6%.

Em 2004, o setor bancário atingiu o pico histórico, representando 22,7% do lucro total das empresas de capital aberto (com ações negociadas em Bolsas de Valores), que foi de R$ 79,3 bilhões.

O crescimento do setor continuou firme em 2005, e as instituições financeiras brasileiras bateram novo recorde: R$ 28,3 bilhões em lucros, valor 36% maior do que o de 2004 (R$ 13,9 bilhões).Boa parte do crescimento veio das operações de crédito. Mas o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse à época da divulgação dos índices de 2005, em março último, que a taxa de juros da economia brasileira, uma das mais altas do mundo, não "reflete necessariamente" no lucro dos bancos.

27 junho 2006

 

A real crise da Varig não é da Varig
Correio da Cidadania
26/06/2006

As misteriosas forças do mercado andam espalhando uma inverdade: a de que a causa da crise é a má gestão da empresa. Falso. A Varig não se afundou em dívidas por causa disso, mas por falta de uma política governamental de suporte à aviação nacional.

O primeiro pilar dessa política seria a montagem de um setor de produção nacional de peças e equipamentos requeridos para a operação de uma companhia aérea de grande porte, a fim de evitar que a Varig, cujas receitas são em reais, tivesse que adquirir esses elementos indispensáveis em dólares. Suas competidoras, que compram e vendem em dólares, têm, portanto, já nesse aspeto, uma grande vantagem. Para se ter uma idéia do que isso representa, aí vai uma informação surpreendente: as refeições que são embarcadas em Guarulhos para prover os vôos internacionais da companhia são pagas em dólares!

O General de Gaulle, quando vinha para este lado do mundo, fazia os itinerários mais bizarros porque, naquela época, os aviões de fabricação francesa tinham pequena autonomia de vôo e ele considerava uma vergonha viajar em aviões de fabricação estrangeira. Por causa desse espírito é que a França é a França.

Não é a Varig, gente! É o Brasil!

 

É a realidade, estúpido
Luís Nassif
27/06/2006

A defesa intransigente que alguns analistas fazem do sistema de "metas inflacionárias" entrou no terreno religioso, a ponto de considerar estúpida toda crítica ao bezerrão de tetas de ouro da política monetária.

É mito essa história de que o país não tem poupança interna. Na indústria de fundos, há um volume de recursos similar ao de uma economia como a espanhola. Por que não se conseguiu aumentar o volume de poupança de longo prazo? Como os ilustres analistas sabem, curvas de juros significam taxas maiores para prazos maiores. Se a taxa de partida é elevada, as de longo prazo têm que ser tão superiores que não há tomadores para elas.

Sei que a realidade é uma estupidez criada para prejudicar as teorias. Mas o que se vai fazer? Só mudar o bordão: "É a realidade, estúpido!".

 




  • “Verdade seja dita, Lula não conseguiu fazer em quatro anos o mal que FHC fez em oito. Mas o metalúrgico milionário promete não decepcionar.”

    Fausto Wolff
    “Esperando Godot”

    27/06/2006

26 junho 2006

 




  • “Estão cacarejando sobre ovos postos por outros.”


  • FHC
    (sobre afirmação de Lula
    que seu governo fez em 42 meses
    mais do que o PSDB em oito anos”)
    26/06/2006


     

    O Japão
    João Sayad
    26/06/2006

    A dúvida sobre um segundo mandato para o atual governo brasileiro é se terá apoio parlamentar para aprovar reformas, inclusive no mercado de trabalho, que tornem o Brasil mais competitivo. Não temos que nos preocupar. O país sofre há tempo com o capitalismo globalizado. Com ou sem reforma, já temos uma das piores distribuições de renda do mundo, desemprego elevado, pobreza e criminalidade.

    Não precisamos dessas reformas. Bastaria reduzir a taxa de juros, manter o superávit primário e comprar dólares para desvalorizar o real. É a reforma necessária para aumentar o emprego. E quem sabe, um dia, realmente ganhar do Japão.

    25 junho 2006

     


    A Varig e a herança brasiliana
    Luís Nassif
    25/06/2006

    Um dos clichês mais usados, nessa agonia da Varig, é que o governo não deve colocar dinheiro em empresa privada quebrada. Não se pensa na lógica econômica da operação, apenas no clichê, na visão católica do devedor, de que empresas em dificuldades são como pecadores impenitentes, que não merecem ser salvos.

    Após o 11 de Setembro, as quatro maiores empresas aéreas americanas estiveram a pique de quebrar. A decisão foi rápida e cirúrgica. O Tesouro deu avais de US$ 2 bilhões, rapidamente aprovados pelo Congresso. Executivo e Legislativo correram o risco, porque estava em jogo o interesse nacional.

    Na década de 80, impediu-se a quebra da Chrysler, terceira fabricante de veículos dos EUA. O Tesouro aprovou aval de US$ 7 bilhões, sem nenhuma contra-garantia. A Chrysler foi salva e dois anos e meio depois o aval ficou desnecessário.

    O governo deveria estatizar temporariamente a Varig, com data para reestruturar e vender. Nenhum governo americano ou europeu deixou que fechasse sua principal companhia aérea. A Air France, a Alitalia, todas estiveram à beira da falência e foram recuperadas, porque sua recuperação estava dentro da lógica do interesse nacional.

     



    • "A linha que separa candidato de presidente é imaginária."

      Tarso Genro
      (25/06/2006)

    23 junho 2006

     

    As inconsistências da macroeconomia
    Luís Nassif
    23/06/2006

    No trabalho "Inconsistências e Insuficiências da Atual Política Macroeconômica" -a sair na próxima edição da revista "Conjuntura Econômica"-, o economista Yoshiaki Nakano persiste na tarefa de demonstrar o parafuso sem rosca da política econômica brasileira.

    Com políticas fiscal e monetária alocadas para um mesmo objetivo -estabilidade de preços-, com livre mobilidade de capitais e a política monetária vinculada ao objetivo doméstico de meta de inflação, a conta de capitais transformou-se num elemento desestabilizador.

    1) A elevação da taxa de juros para conter a inflação causa booms na entrada de capitais, resultando em apreciação cambial. Cedo ou tarde, trará desequilíbrio nas transações correntes do país com o exterior.

    2) A apreciação da taxa de câmbio, ao reduzir a inflação, abre espaço para queda da taxa de juros. A partir de certo nível, reduz ou inverte o movimento de capitais provocando a depreciação cambial e nova elevação dos preços clamando por nova elevação da taxa de juros.

    3) Se a taxa de juros ficar elevada, não ajustada à queda na inflação, pode-se desestabilizar o lado fiscal com aumento da dívida pública. Existem três instrumentos para quatro objetivos de estabilidade e, como a taxa de juros não é independente da taxa de câmbio, o sistema não é estável, conclui Nakano. A íntegra do trabalho está em www.dinheirovivo.com.br.

     

    A lenda da desigualdade menor
    Clóvis Rossi
    23/06/2006

    É bom lembrar estimativas de Márcio Pochmann segundo as quais 20 mil famílias faturaram R$ 105 bilhões em 2005 graças aos juros obscenos que o governo paga, ao passo que os 8 milhões de beneficiários das bolsas-esmolas ficaram com apenas R$ 7 bilhões.

    Não é razoável pensar que, em vez de a desigualdade ter diminuído, aumentou a renda dos sem-renda, que a declaram, ao passo que a renda dos com-juros tende a ser em parte escamoteada?

     

    Brasil, fazenda do mundo?
    Valor Econômico
    23/06/2006

    Assim, organismos multilaterais como a FAO e a OCDE apostam que nos próximos dez anos nossas exportações agropecuárias devem crescer em ritmo bem mais lento.


    Mesmo que consigamos superar tantas barreiras, resta avaliar se interessa ao país tornar-se a "fazenda do mundo". Há países que se desenvolveram explorando seus recursos naturais, como Suécia e Austrália. Os últimos anos mostraram os benefícios que elevadas exportações agrícolas podem trazer, em termos de melhora das contas externas. Mas o sucesso em alcançar o desenvolvimento depende também da capacidade de aproveitar o impulso dado pela agricultura para bem gerenciar a macroeconomia e investir em educação, infra-estrutura e boas instituições. Sem isso, corrermos o risco de nos tornarmos apenas uma grande fazenda.

    22 junho 2006

     

    Argumentos falaciosos justificam melhoria na distribuição de renda
    Correio da Cidadania
    17/06/2006

    A melhoria na distribuição da renda nacional nos últimos dez anos parece ser o novo argumento arregimentador das mais diversas consciências, na tentativa de dar credibilidade e legitimar a política econômica posta em prática nos últimos anos, especialmente nos governos FHC e Lula.

    “Uma mentira repetida sistematicamente adquire foros de verdade”: é assim que o economista Guilherme Delgado se refere à nova onda supostamente legitimadora do modelo neoliberal no Brasil. Segundo Delgado, a informação isolada sobre o perfil da renda pessoal da PNAD(Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), sem a devida qualificação do seu peso e composição, pode levar à conclusão equivocada de que a desigualdade está sendo revertida e que a causa dessa reversão é a ação política do governo atual – sendo o Programa Bolsa Família obviamente apresentado como uma dessas ações. Uma análise mais aprofundada revela, no entanto, que, além de a renda familiar no conceito PNAD ser equivalente a cerca de somente 31% da renda interna, ela cai como proporção desta, de 34% para 31%, entre 1999 a 2003. Nesse mesmo período, são os rendimentos oriundos dos direitos sociais da Previdência e da assistência social, que são incorporados à renda das famílias, que compensam a forte queda da renda do trabalho (salários e ordenados). Por outro lado, ao se tomar a distribuição funcional da renda entre salários e ordenados pagos e os lucros brutos, ela cai sistematicamente no período – de 68% em 1999 para 59,8% em 2003.


    A conclusão inequívoca é que a pequena melhoria na distribuição pessoal da renda esteve intrinsecamente associada aos direitos sociais básicos da seguridade social, que são, paradoxalmente, a bola da vez para a reforma da Previdência agendada para 2007, qualquer que seja o presidente eleito.

     

    Juros com camisinha
    Luís Nassif
    22/06/2006

    Na coluna de ontem, Sonia Racy, do "Estado de S.Paulo", ouviu o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Júlio Sergio Gomes de Almeida, sobre os estudos do Ipea, indicando que o governo teria gasto R$ 250 bilhões com o aumento do salário mínimo de 1995 a 2006. Júlio se debruçou sobre o trabalho e constatou que a metodologia utilizada foi levantar o aumento do gasto a cada ano e corrigir pela taxa Selic -a maior taxa de juros do mundo.

    No final de 2002, a Secretaria do Tesouro Nacional e o próprio Giambiagi publicaram duas obras-primas tentando provar que as taxas de juros praticadas a partir do Plano Real não tinham sido a principal causa do crescimento da dívida pública, mas sim a incorporação de "esqueletos" de Estados e municípios. Descobriram os juros com camisinha, incapaz de procriar.

    Ou seja, não recorrem à Selic para avaliar a dinâmica da dívida pública; mas são capazes de utilizá-la como indexador de despesas sociais. Depois se ofendem quando taxados de cabeças de planilha.

     


    A maturidade do sistema de metas de inflação
    Adriana Gonçalves e Tomás Málaga
    22/06/2006

    Por exemplo, por que não um banco central perseguir uma meta de crescimento? A resposta é óbvia: porque cuidando da inflação, está cuidando das condições necessárias para o crescimento.

    Deste ponto de vista, o BC do governo Lula parece estar cumprindo satisfatoriamente seu mandato. Como conseguiu? Pode parecer estranho, mas o BC deste governo dito de esquerda apresenta uma altíssima reputação.

    A redução da surpresa inflacionária é um indicador de que o sistema de metas de inflação tem funcionado bem. O sistema está em um ponto de maturidade tal que qualquer alteração na sistemática das metas - tais como mudar de indicador de inflação, mudar período em que as metas são atingidas ou mudar a composição do CMN etc. - só podem prejudicar o trabalho até agora realizado. Como diz o dito popular, a emenda pode sair pior do que o soneto.


    Adriana M. Gonçalves e Tomás Málaga são economistas da Consultoria Econômica do Banco Itaú.

    21 junho 2006

     

    A encruzilhada
    Mauro Santayana
    21/06/2006

    De nada adiantará o pacto interpartidário para garantir a governabilidade no Brasil, se o problema social não for enfrentado. Em toda a História tivemos esse conflito.

    Os programas sociais de Lula são ainda acanhados, mas já serviram para animar os pobres e desesperar os oligarcas rurais e urbanos.

    O que re-equilibra as sociedades, e evita sua ruína, é a solidariedade, fundamento da ética política e dos Estados nacionais. Aqui, a intelligentsia neoliberal pretende, com o apoio de ex-esquerdistas, acabar com o que resta de Estado. E, se possível, como no Samba do Crioulo Doido, de Sérgio Porto, proclamar a escravidão.

     


    Os Reféns pedem socorro!
    Fausto Wolff
    11/06/2006

    Nunca pensei que escreveria isto: o Brasil e seu povo são reféns do governo. Não estivemos nesta situação nem nos anos da ditadura, pois, como ela era ilegal, tínhamos com quem brigar, não lhe dávamos as costas e sonhávamos com a reconstrução da esquerda. Hoje somos reféns porque não apitamos. Se tentarmos apitar, nos matam, vamos para a cadeia, nos despedem ou , na melhor das hipóteses, nos aplicam uma multa.

    Pensando bem, Lula trabalhou bem e é mesmo capaz de ganhar no primeiro turno. Em 2002, encontrou uma classe média (cuja ideologia é galgar os degraus que levam à alta burguesia e fazer qualquer negócio para não descer ao inferno do proletariado) entre o fogo e a frigideira. Se por um lado não queria perder o pouco que tinha votando num candidato comunista (é, a classe média achava que Lula era comunista), não podia permitir que os neoliberais de FHC continuassem a estreitar seu pescoço com o garrote vil do congelamento.

    Pressentindo isso, Lula e sua gangue adoçaram o discurso para torná-lo palatável à classe média. Era tudo que a classe média queria. O excelente ator pernambucano tinha o voto dos petistas e da esquerda enganada. A classe média, porém, foi fundamental para a vitória.

    Pois quando a quadrilha foi descoberta, Lula não se abalou. Continuou viajando e dizendo bobagens. Sabia que a oposição iria criticá-lo, pedir sua cabeça - e havia motivos de sobra para seu impedimento - mas tinha certeza de que ela só iria até certo ponto.

    Antônio Carlos Magalhães, Agripino Maia, Arthur Virgílio, Heráclito Fortes silenciariam quando notassem que todas as pistas conduziriam à gangue FHC e o que ela fez para legalizar seu segundo mandato. Sabia que se tentassem atingi-lo pessoalmente acabaraiam atingindo FH com quem aprendera o entreguismo ordenado pelo neoliberalismo global.

    De certa forma - Lula deve ter pensado - foi até bom ter se livrado dos garotos dissidentes que acreditaram no seu socialismo. Melhora inda foi ter se livrado de Dirceu e de Palocci, que, como numa farsa de Molière, queriam crescer demais. Lula tinha seu trunfo: o povo pobre, miserável, faminto. Para tanto, era preciso fazê-lo sem sofrer: nem saúde, nem empregos, nem escolas. No máximo a humilhação da bolsa-comida, comida pelos prefeitos.

    O povo que não lê jornais está se lixando para a quadrilha do Dirceu; identifica-se com Lula, que fala como ele, conta as mesmas piadas, bebe cachaça e engole buchada, tem a língua presa e se não faz mais é porque os ricos não deixam. Para o povo, a classe média são os ricos.

    Foi inteligente da parte de Lula não fazer nada pelo povo. Ignorante, ele lhe garantirá as eleições.

    Por isso comecei dizendo que somos reféns da polícia e dos ladrões, dos políticos da situação e da oposição, dos juízes, e do guarda da esquina. O Brasil me lembra o sino que batia sem fazer som algum do filme de Kavalerowicz, Madre Joana dos Anjos. A Polônia pedia socorro, mas a Europa não ouvia. Hoje quem pede socorro é o Brasil. Pessoalmente, vou pedir ajuda à Santa Heloísa Helena para não ter de anular meu voto.

    20 junho 2006

     


    Não é pecado
    ClóvisRossi
    20/06/2006

    Principal manchete de ontem do "International Herald Tribune", o mais global dos jornais, propriedade do "New York Times: "Airbus deve requerer ajuda estatal". Para quem não sabe, trata-se do fabricante europeu de aviões, a megacompanhia que disputa o mercado com outro gigante, a Boeing, norte-americana. A Airbus não está quebrando. Está é com dificuldades com uma aeronave de médio porte, a A-350.


    Ajudar empresas não é uma questão ideológica. Deve ser analisada caso a caso. Salvar algumas pode ser mais "capitalista" do que deixá-las morrer. Imperdoável mesmo é permitir que uma empresa como a Varig sangre em praça pública, desrespeitando seus passageiros e seus funcionários, tenham ou não estes culpa no cartório

    19 junho 2006

     

    Para um Brasil próspero
    Charles Tang
    19/06/2006

    O Brasil reúne mais condições do que a China ou o Japão para ser o maior "tigre" de exportações e para tornar-se superpotência econômica. O nosso país só não atingiu ainda o seu destino de grandeza por falta de uma visão política que leve à criação de um plano de prosperidade para a nação e também por falta de conhecimento da ciência de desenvolvimento econômico.

    Há décadas, praticamos um modelo econômico de pobreza que recorre a juros exorbitantes para impedir qualquer tentativa de crescimento econômico. Assim, em 2005, mesmo ante o amplo cenário favorável da economia mundial e da demanda chinesa, só conseguimos superar a taxa de crescimento econômico do Haiti, e isso por encontrar-se este país em estado de guerra civil.

    As nações que se livraram da pobreza e se desenvolveram compreenderam que a maior responsabilidade e obrigação de seus governantes é a de gerar o bem estar econômico e social do seu povo. Foi a partir de decisões políticas de prosperidade é que foram criados planos de reestruturação econômica e adotado um modelo econômico de riqueza.

    Dentro do nosso atual modelo econômico errado, já tomamos todas as medidas possíveis da prescrição clássica. Torna-se necessária uma reestruturação econômica, com um plano de crescimento divorciado dos fracassados intentos reformadores das últimas décadas.

    16 junho 2006

     


    Varig e ignorância nacional
    Luís Nassif
    16/06/2006

    Uma atuação decisiva de governos, de FHC ou de Lula, de credores, da própria Justiça teria permitido à companhia se salvar, surgir uma nova Varig, com novos controladores, preservando empregos, linhas e o nome Varig. Nada disso ocorreu. FHC fugiu do problema Varig da mesma maneira irresponsável que seu sucessor Lula.

    Na imprensa, o caso Varig era afogado por um mar de desinformação, de quem não conseguia entender que quem deve ser punido por má gestão são gestores, não empresas. Recuperar uma empresa não significa premiar seus controladores, se eles forem afastados e punidos por seus erros. É ato de racionalidade.

    O fim da Varig é o atestado maior da ignorância nacional. É a demonstração de que nem governos, nem Judiciário, nem mercado e credores estão preparados para um país moderno. O fim da Varig é a comprovação cabal do grau de ignorância nacional.


     

    A outra lógica
    Mauro Santayana
    16/06/2006

    O grande equívoco (ou ilusão) dos conservadores brasileiros – e devo essa observação a Wilson Figueiredo – é supor que todos os eleitores pensam com sua lógica.
    Os golpistas e conservadores contemporâneos, aliados aos modernizadores neoliberais, acham que os sertanejos do agreste – hoje socorridos pelo Programa Bolsa Família, ou os trabalhadores urbanos, beneficiados por um mínimo que lhes permite comer um pouco mais de proteína todos os dias – devem raciocinar com as mesmas premissas lógicas que os ricos trocam em jantares parisienses. A visão de mundo de uns e de outros é bem diferente. São realidades antípodas uma da outra. E continuarão assim, até que deixem de ser tão desiguais.

     

    Três lições básicas de economia política (1)
    J. Carlos de Assis

    Os dirigentes do Banco Central, prisioneiros da chantagem fiscal-monetária, acham que a taxa de juros simplesmente não pode ser reduzida abaixo da expectativa dos agiotas do “mercado” porque haverá uma fuga em massa de recursos para o exterior. De fato, à primeira vista, haveria um risco. Esse um trilhão de reais não é realmente poupança. São recursos oriundos das reservas bancárias das instituições financeiras e dos saldos de caixa das grandes empresas, que não têm qualquer motivo para investi-los em razão da própria estagnação da economia e do consumo. Numa palavra, é conta corrente à vista.

    Por ser dinheiro, e não poupança, esses recursos poderiam ser efetivamente sacados pelos bancos e pelas grandes empresas e, em tese, levados para o exterior. Mas a que taxa? Acaso se encontra lá fora, no over, rentabilidade que sequer se aproximada de um terço da que o Banco Central garante aqui? Há muitos furos na nossa legislação financeira, de forma que não haveria grande dificuldade para evasão de divisas. Acontece, porém, que a maior parte desses recursos é também para pagamento de despesas em real, aqui mesmo. Em suma, o BC dá uma rentabilidade exagerada ao trilhão do over porque quer, pois, mesmo que caia muito a taxa, ele não teria razão econômica para sair de lá.

     

    Três lições básicas de economia política (2)
    J. Carlos de Assis

    Nos países sérios, o máximo que a política monetária garante no over é uma taxa nominal próxima da inflação. Neste caso, a taxa básica real seria próxima de zero. Em várias décadas no pós guerra, nos Estados Unidos, a taxa real foi de menos 2%. Isso não é nada demais. Afinal, aqueles que não são bancos nem estão com seus recursos aplicados a curtíssimo prazo pelos bancos sofrem a totalidade da inflação. Assim, para quem está aplicado no over, mesmo uma taxa negativa representa uma proteção, embora parcial, contra o processo inflacionário. Ou seja, continuam privilegiados.

    Em termos brasileiros atuais, uma taxa básica de juros no over de 4,5% seria mais do que suficiente para estabilizar o mercado monetário, pois neutralizaria a inflação. Acima disso, é uma discriminação favorável aos muito ricos. O fato é que esses recursos, por obra do Banco Central, se transformam naquilo que a professora Maria da Conceição Tavares e eu chamamos de “moeda remunerada”, isto é, um ativo financeiro que rende juros mas não fica indisponibilizado na forma de empréstimo. É uma invenção tipicamente brasileira, de iniciativa de um Banco Central que alguns malucos julgam ser “ortodoxo”.

     

    Três lições básicas de economia política (3)
    J. Carlos de Assis

    Dirão que todos os bancos centrais do mundo têm over. Sim, é verdade. Mas lá a taxa do over, chamada taxa básica, serve apenas para regular reservas bancárias. É uma taxa baixinha, em geral suficiente apenas para neutralizar a inflação. Os títulos públicos é que são remunerados a uma taxa maior, mas eles são a prazo definido, não à vista. Se o aplicador precisar de liquidez, vai ao mercado secundário. Já esse nosso Banco Central, tão pretensioso quando se trata de tecnicalidades de controle de inflação pelo “modelo de metas”, até hoje não descobriu uma maneira de separar moeda de poupança. É simplesmente incrível, pensarão os pósteros!

    15 junho 2006

     

    PT e PSDB: um mutualismo
    Reinaldo Azevedo

    A política brasileira hoje é presa de uma bipolaridade que acaba resultando benéfica para o PT. Não fosse pela rede que o partido mantém, que domina várias esferas do Estado e organismos da chamada sociedade civil, criou-se um mutualismo indesejável entre tucanos e petistas. Os primeiros seriam mais técnicos, capazes, dotados de maior destreza no trato da coisa pública, mas um tanto destituídos de coração e de sentimentos de afeto e amizade pelo povo, supostamente tratado como um dado da equação das políticas públicas.

    Acho difícil que esse equilíbrio — em que as oposições fazem o papel de ombudsman do governo — seja rompido até outubro. E, até onde noto, falta clareza para que tal rompimento venha a ser operado mesmo mais adiante. Afinal de contas, o que o PSDB e o PFL querem? Além de se julgarem mais competentes — e, creio, são mesmo — do que o PT para governar, qual é a sua metafísica?

    Até que isso não seja descoberto, ficarão longe do poder. Terão de se contentar com o papel de grilos falantes do petismo, a exemplo do que fez o PSDB no depoimento que Henrique Meirelles deu no Senado. Era difícil saber quem, ali, afinal de contas, defendia com mais ênfase a política econômica. Para convencer alguém a mudar de rumo, é conveniente saber aonde se quer chegar. Até Moisés foi contestado na sua grande marcha. E olhem que ele já tinha até aberto o mar Vermelho...

    14 junho 2006

     

    Constrangimento em Minas
    Mauro Santayana
    14/06/2006

    O Banco Central não defende a sociedade contra os bancos,mas, sim, os bancos contra a sociedade.
    Mas se há nesse país cidadão que deve ser muito discreto neste tipo de observação, trata-se do professor Fernando Henrique Cardoso. Coube-lhe a iniciativa do Proer e o seu denotado esforço para impedir que o programa fosse investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Até hoje não sabemos quanto do dinheiro público se usou para socorrer banqueiros que movimentavam contas fictícias, atribuídas a correntistas mortos em benefício pessoal.

    13 junho 2006

     


    Torcida celebra Copa com 80% de cornetas, buzinas e chapéus "made in China"
    Cíntia Cardoso
    13/06/2006

    As etiquetas "Made in China" estarão presentes em pelo menos 80% dos artigos importados que vão enfeitar a torcida brasileira nesta Copa. O cálculo é da Abipp (Associação Brasileira de Importadores de Produtos Populares).

     

    Hora de epifania
    Roberto Mangabeira Unger
    13/06/2006

    É isso o que a nação quer hoje: ousar. Novo governo que ousasse sem abrir mão do realismo fiscal -para fazer prevalecer no país os interesses do trabalho e da produção, para facultar a milhões o acesso ao crédito, à tecnologia e ao conhecimento, para revolucionar o ensino público, para usar a necessidade de ampliar nossa base de energia como maneira de tomar posse do nosso país e de aproveitar seus recursos naturais e para livrar a política da sombra corruptora do dinheiro- contaria com o entusiasmo da grande maioria dos brasileiros.

    Não é verdade que faltem planos práticos e pormenorizados para traduzir em realidade a idéia do desenvolvimento com inclusão. O que falta, entre governantes e entre cidadãos, é uma epifania de clareza e de coragem.

    12 junho 2006

     

    Preto e branco
    João Sayad
    12/06/2006

    Gastamos com educação pública o mesmo que gastamos com os juros da dívida pública. A despesa com educação é como prestação de casa própria. A cada pagamento, você compra um pedacinho da casa. Já o gasto com os juros é como aluguel. Parou de pagar, é despejado. Gastamos 5% do PIB com juros há 12 anos e não estamos comprando nada. Se os juros internacionais sobem, a taxa de câmbio pula e a inflação volta.

    Isto tudo precisa ser dito porque alguns brasilianistas dizem o contrário. Incluem os gastos com aposentadorias, hospitais universitários e pesquisa tecnológica como custo do aluno na universidade.

    10 junho 2006

     


    • "Acima de tudo, eu tenho de dizer, talvez seja bobagem, mas eu gosto de helicópteros e como presidente eu tinha helicópteros para me levar para lá e para cá. Não mais."

      FHC
      (no programa de rádio
      "Mad About Music",
      gravado no Carnegie Hall, em Nova York)

      10/06/2006

    09 junho 2006

     


  • “Todo mundo diz que ele [Lula] bebe pra caramba. Tanto é mentira que eu sou gordo como deve ser mentira que ele bebe pra caramba.”
  • Ronaldo
    09/06/2006


     

    Luís Nassif
    09/06/2006

    O Real repetiu com variações o modelo adotado por Rui Barbosa. A remonetização deu-se por meio da atração de capitais externos pelos novos bancos de investimento -no fundo, dinheiro brasileiro depositado no exterior, em paraísos fiscais-, que os convertia em reais.

    Os economistas do Real poderiam ter escolhido outros caminhos para remonetizar a economia. Um deles seria simplesmente não rolar integralmente a dívida pública. Em vez de títulos, o investidor receberia reais. A divida seria monetizada, e o mercado teria que se organizar para reciclar os recursos.

    Com esse modelo, os passivos públicos praticamente seriam saneados, o mercado de capitais teria enorme impulso, parte preponderante da poupança nacional iria capitalizar os novos investimentos em infra-estrutura e produção de bens de consumo. Optou-se por um modelo calcado nos fluxos internacionais de dólar.

    Chegou-se ao cúmulo de transformar o superávit das contas externas brasileiras em déficit, apenas para tornar o dólar um ativo escasso -e, com isso, caro. Depois, com déficits externos cada vez maiores, o país foi proibido de crescer.

    Por isso, repito: o que determinou a política cambial do Real foi um modelo de negócio, dos mais bem-sucedidos da história do país.

    08 junho 2006

     

    As duas lógicas do investimento
    Luís Nassif
    08/06/2006

    Vamos tentar entender o jogo de interesses em torno do livre fluxo de capitais a partir da lógica de uma empresa privada -a Telemar- e o interesse nacional, entendido como os chamados fundamentos da economia. A Telemar pretende entrar no Novo Mercado, transformar todas as suas ações em ordinárias (com direito a voto) e sair atrás de grandes investidores internacionais.

    E com a macroeconomia, o que ocorrerá? Ao entrar, os investidores estrangeiros converterão seus dólares em reais, apreciando mais ainda a cotação do real. Vão aumentar a liquidez (o dinheiro em circulação) na economia, obrigando o Banco Central a emitir títulos para enxugar o excesso de dinheiro. Ou seja, haverá impacto na dívida pública. O dólar que entra no bolso de quem vende seu ativo rebate direto na dívida pública.

    Essas mudanças societárias na Telemar poderiam ser realizadas recorrendo exclusivamente ao mercado interno, assim que os juros baixassem mais um pouco, liberando recursos da dívida pública para investimentos. Obviamente o preço da empresa seria menor, pela redução dos candidatos a investidores.

    07 junho 2006

     

    O confronto em marcha
    Mauro Santayana
    07/06/2006

    Entre nós, o presidencialismo forte é herança do dissimulado absolutismo monárquico, em que o rei contava com um parlamento dócil, e consequência de uma federação amputada de suas prerrogativas originais.

    Essa hipertrofia do governo central é danosa em tudo: ao desenvolvimento econômico, à liberdade política, à iniciativa criadora, à paz e bem-estar dos brasileiros. Em compensação amarga, favorece, conforme quem o exerça (e, nisso, o governo passado foi inexcedível), a corrupção e o conformismo dos cidadãos.

     

    Recompra de dívida
    Luis Nassif
    07/06/2006

    O sábio recluso me ligou inconformado com a recompra de Global Bonds com vencimento entre 2007 e 2030. Para ele, é visão de operador de mesa que está tanto por trás da STN (Secretaria do Tesouro Nacional) quanto da Diretoria da Área Externa do Banco Central. Para atrair os dólares, o país pagou altíssimo custo econômico, com uma política monetária esdrúxula visando dar conforto aos investidores. Estão olhando com o viés do outro lado da mesa, a do cliente

    O sábio não se conforma. Queimaram US$ 4 bilhões para dar conforto ao mercado e baixar míseros 4,4% no risco-país e anunciando planos de gastar mais US$ 20 bilhões tirados das reservas, necessárias para enfrentar tempos de alta volatilidade que vêm por aí. Antes da recompra, o Brasil tinha US$ 63 bilhões em reserva. A China, sem Hong Kong, tem US$ 837 bilhões, a Índia tem US$ 153 bilhões, e a Rússia, US$ 225 bilhões. O Banco Central não é rico, portanto, para dar conforto a investidores resgatando títulos que iriam vencer daqui a 24 anos. Nessa brincadeira, já se gastaram US$ 11,7 bilhões, incluindo os US$ 6,6 bilhões de bradies. Mais ainda: vender papéis longos custa caro. Por conta do prazo, o Tesouro tem que pagar altas comissões, que podem chegar até a 2% da emissão. Então paga-se para vender e logo depois recompra-se, quando ainda falta quase um quarto de século para vencer.

    A maior parte da estratégia de esticar o prazo da dívida foi montada em cima de terreno movediço: investimento externo, privilegiado com isenção de tributação. Pagou-se caro (com a isenção fiscal) para trazer esse dinheiro. Pagou-se caro para segurar parte dele, quando começou a debandada, na semana passada.

     


    "Alckmin, candidato para quê? Para nada
    Elio Gaspari
    07/06/2006

    Os próximos meses serão duros para Geraldo Alckmin. E duros serão também para a choldra que terá que ouvi-lo. Isso porque, seja qual for o assunto, o doutor dirá:"Esse problema precisa de estudo e firmeza. Devemos avaliar cada etapa do processo e avançar com passo seguro e determinação. Façamos o que ensina Anatole France: se a idéia é boa, copie-a. Eu acrescentaria: se não for boa, não a copie."


    Como escreveu o poeta Ascenso Ferreira: - Para quê?- Para nada.

    06 junho 2006

     



    06/06/06


     

    O nó do fluxo cambial
    Luís Nassif
    06/06/2006

    O ingresso do fluxo financeiro de dólares provoca diversos efeitos deletérios. Ao aumentar a taxa de juros, para criar o diferencial necessário para atrair os dólares, ampliam-se as dívidas pública e externa. O processo só seria sustentável se, ao aumento da dívida, correspondesse o aumento do investimento em setores com potencial de exportação. O segundo efeito é o da apreciação da moeda nacional ou a sua sustentação a um custo fiscal pesado.

    Como se pode pretender esticar o prazo da dívida e reduzir as taxas de juros, amarrando-a ao mais volátil dos ativos: os dólares que ingressam na economia brasileira? A mera saída de parte dos dólares chacoalha o câmbio, impactando a rentabilidade de toda a carteira de investimentos externos.

    O curioso é que, em 1994, nas comemorações dos dez anos do Plano Real, o economista Edmar Bacha publicou um trabalho sustentando (com atraso de dez anos!) que abrir a economia para fluxo de capitais não era garantia de aumento da taxa de investimento. De lá para cá, todos os pretextos foram utilizados para manter esse fluxo volátil. Certamente nem Luiz Inácio Lula da Silva nem Geraldo Alckmin têm envergadura para romper com esse nó.

    05 junho 2006

     

    Lucro do setor em 2005 foi 38% maior que o de 2004
    Folha de São Paulo
    05/06/2006

    Os bancos têm vivido um período de rápida e consistente melhora em seus resultados nos últimos anos. Lucros recordes e maior rentabilidade têm marcado o setor. O uso da internet pelos clientes, com menos custo, ajuda o resultado.

    No ano passado, o lucro líquido de 127 bancos -responsáveis por 96% dos ativos totais do sistema- somou R$ 65,47 bilhões, um aumento de 38% em relação a 2004.

     

    Sobre câmbio, produção, salários e emprego
    Claudio S. Dedecca
    05/06/2006

    Nas últimas semanas a mídia tem veiculado diversas notícias sobre as decisões das empresas montadoras de automóveis e caminhões sobre redução de emprego e deslocamento de produção nos espaços nacional ou do Mercosul. A principal razão apontada pelas empresas tem sido a valorização cambial, que vem reduzindo os ganhos obtidos com a exportação de veículos.

    As manifestações das empresas montadoras sobre redução de emprego e deslocamento de produção refletem os efeitos perversos da valorização cambial, mas, fundamentalmente, a incompatibilidade da política econômica atual com uma estratégia de desenvolvimento. Ao impor um desempenho instável e medíocre do mercado interno, a política econômica reforça posturas oportunistas das grandes empresas, ao estimular que elas privilegiem somente estratégias de curto prazo, fortemente focadas nos custos correntes de produção.

    03 junho 2006

     

    Ninguém sai vivo daqui
    Fernando Gabeira
    03/06/2006

    Às vezes acho que estou sonhando: o Brasil não é isto que está aí. Dolorosa pergunta me traz de novo ao chão: se o Brasil não é isto que está aí, por que isto que está aí continua? Volto para casa e me pergunto: o que fazer quando passam um trator nos seus direitos constitucionais? A resposta é: recorrer à Justiça.

    Mas a imagem de um coquetel molotov emerge com a nitidez flamejante, torrando todos os resquícios do bom-mocismo. Não fui educado na Suíça nem temo que a lama respingue nos punhos de renda. Tenho vontade de cantar os versos celebrizados pelo The Doors: "Ninguém sai vivo daqui". Existe um limite para o pacifismo.

    O espaço público em que nos movemos está dominado por uma aliança delicada: quase todos desviam dinheiro, alguns têm a missão de sepultar CPIs. De forma literária: uns queimam os ônibus e retiram as pessoas, outros queimam com todo mundo lá dentro.

    02 junho 2006

     

    Os números do PIB trazem alerta
    Luiz Carlos Mendonça de Barros
    02/06/2006

    Esses números apenas referendam um fato que vem sendo sistematicamente ressaltado por vários analistas: o real valorizado está forçando as empresas brasileiras a aumentar o coeficiente de importação de sua produção, reduzindo suas compras dentro do Brasil.

    Infelizmente, se continuar essa tendência verificada nos números do PIB do primeiro trimestre deste ano, vamos cruzar essa fronteira tênue e perigosa entre a racionalidade e a irracionalidade econômica. Estaremos, então, destruindo parte importante da indústria nacional com o aplauso de um grande número de economistas brasileiros.

     

    Para não dizer que não falei bem de Delfim
    J. Carlos de Assis
    02/02/2006

    Nem bem acabaram de ser publicados dois artigos meus sobre o extremismo neoliberal do deputado Delfim Netto em matéria fiscal, defronto-me com um outro artigo dele, desta vez sobre política monetária (DCI), o qual subscreveria sem tirar nem pôr uma única vírgula. Eis como começa: “ É dureza ter de reconhecer isso, mas o Banco Central do Brasil e o Conselho de Política Monetária tornaram-se servos do setor financeiro. Usam a autonomia que lhes foi concedida para submeter o setor produtivo aos interesses do ‘mercado' financeiro, ignorando os prejuízos crescentes impostos aos exportadores brasileiros e a agonia dos produtores rurais.”

    Aplaudo com entusiasmo a atitude de Delfim. Vindo dele, não se trata de uma crítica vulgar ou que se possa desqualificar como “oposicionista” ou “esquerdista”. É o capital produtivo contra o capital estritamente especulativo. Deixo de lado todas as restrições que tenho feito a ele em matéria de política fiscal para cerrar fileiras com ele na questão dos juros. Se a insanidade do Banco Central for corrigida em algum momento no futuro próximo, de forma a baixar drasticamente a taxa de juros, a maioria dos problemas econômicos brasileiros se esfumará. Os gastos públicos poderão ser elevados sem aumento da carga tributária, o emprego e a demanda retomarão e, com eles, o investimento privado. Como por mágica, desaparecerão também todos os problemas fiscais que tanto têm incomodado Delfim e a Fiesp.

    01 junho 2006

     

    Charlatanismo econômico na matemática de Delfim (I)
    J. Carlos de Assis
    01/06/2006

    A idéia de que o objetivo do superávit primário é manter constante a dívida pública com relação ao PIB, ou mesmo reduzi-la, não se apóia em qualquer fundamento teórico. É pura ideologia. Para que tivesse sentido, seria necessário estabelecer um nível ótimo de relação dívida/PIB, seja para economias em abstrato, seja para a economia brasileira em particular. Isso simplesmente não existe. Como também não passa de puro charlatanismo qualquer afirmação quanto ao comportamento dos “mercados” que, intuindo riscos fantasmagóricos numa determinada relação dívida/PIB, passa a exigir taxas básicas de juros mais elevadas. Na prática, é o Banco Central que arbitra a taxa básica, e ponto final.

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