03 março 2006

 

A segunda onda cambial
Luís Nassif
03/03/2006

Pela mera leitura dos jornais diários, percebe-se em marcha acelerada o seguinte processo, com sinais evidentes do início da segunda grande onda, em dez anos, de concentração de empresas e de desmonte de cadeias produtivas:

1. Algumas grandes empresas já começam a desmontar a cadeia interna de fornecedores e a importar insumos. Outras resistem por algum tempo, esperando que o câmbio se recomponha. A cada dia sem expectativa de mudança, mais cadeias produtivas serão desorganizadas.

2. Numa segunda etapa, as grandes empresas passam a transferir cada vez mais produção para o exterior. Ou terceirizando -o que significa, mais uma vez, tirar mercado e emprego do Brasil- ou instalando subsidiárias no exterior e transferindo cada vez mais a produção para elas. A partir de certo momento, transfere-se a própria empresa, como foi o caso da AmBev.

3. Algumas falam em reorientar a produção exportada para o mercado interno. Mas cadê mercado com esse modelo, que, em sua dinâmica, destrói empregos e produção, transfere para o exterior a produção de produtos de baixo valor agregado, sem que se consiga produzir internamente produtos com conteúdo tecnológico?

4. Sem câmbio, em breve o Brasil perderá espaço mesmo em setores em que teria toda a possibilidade de se tornar competitivo, como o siderúrgico.

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