30 abril 2006
Devastação
Luís Nassif
26/04/2006
Pessoas que conhecem a região garantem que o presidente da Bolívia, Evo Morales, pode ser um desvairado em muitos temas, mas tem razão em sua reação contra a siderúrgica de Eike Batista. A região tem ilhas de ecossistemas. A proposta de Eike era a de construir uma siderúrgica em uma das ilhas, destruindo a floresta para fazer carvão. Uma atitude dessa jamais seria tolerada no Brasil. A observação é de quem tem consciência ecológica e negócios na região.
A Bolívia e as multinacionais brasileiras
Luís Nassif
28/04/2006
A crise Brasil-Bolívia é um caso típico de diplomacia condescendente e empresas arrogantes, com comportamento típico de velhas potências coloniais. Essa é a visão de um experiente negociador brasileiro do setor privado, que passou por inúmeros países de Terceiro Mundo.
O caso da aciaria da EBX, de Eike Batista, é uma vergonha para o Brasil, diz ele. Em sua opinião, o empresário não está criando caso para não ter que expor à opinião pública brasileira detalhes de seu projeto.
No caso da Petrobras, chegou à Bolívia com a cabeça em Brasília e com a cultura do "petróleo é nosso" -da mesma maneira que a Standard Oil em relação ao Brasil, quando começamos a nos preparar para criar nossa própria indústria de petróleo.
Uma empresa tem que entrar em um país com visão de longo prazo, de permanecer por lá por 50 anos, como parceria. Essa visão de longo prazo é que define a atitude.
“Não existe projeto de desenvolvimento no governo Lula”
Carlos Lessa
22/04/2006
Eu sempre achei as elites brasileiras muito vagabundas, de má qualidade. Ulysses Guimarães dizia que, antes da Constituição de 1988, a sua geração era comprometida com o desenvolvimento para o povo, e não para a elite insaciável. E quem dizia isso era ele, uma figura insuspeita. As elites são horríveis; por exemplo, fizeram a abolição da escravatura e, durante a República Velha, não houve um partido brasileiro sequer que tratasse dos ex-escravos em seus programas. As elites brasileiras são absolutamente desinteressadas pelo povo e pela nação.
Propina sem empresário é praia sem sol
Elio Gaspari
30/04/2006
Uma pesquisa da PricewaterhouseCoopers mostrou que 96% dos 79 presidentes de empresas que faturam mais de US$ 100 milhões consideram a corrupção o principal problema brasileiro. Esse resultado fica de outro tamanho se um (basta um) desses 79 senhores disser publicamente o que acha de seus similares do Banco Rural e da Usiminas, empresas apanhadas na malha valeriana.
A idéia de que os políticos e servidores corruptos passam os dias dando e tomando dinheiro deles mesmos é ingênua e matematicamente neutra. Sem empresários, a corrupção é uma praia sem sol. Bem ou mal, o Congresso e a administração pública expõem e punem seus corruptos. O mundo dos negócios melhoraria se, além de reclamar da corrupção dos outros, os grandes empresários repelissem os malfeitores com quem convivem felizes.
Um país inibido
Paulo Nogueira Batista Jr.
27/04/2006
Hoje em dia, um Juscelino seria impensável. Ele sabia, instintivamente, que não existe desenvolvimento sem uma certa desordem. Todos ou quase todos os presidentes e presidenciáveis brasileiros invocam JK. Mas não é possível reviver o seu espírito sem correr riscos, sem espírito de aventura.
O escrúpulo é a morte da ação, dizia Fernando Pessoa. Ninguém chega a JK deixando-se dominar por escrúpulos econômico-financeiros. Fiscalismo exacerbado, obsessões antiinflacionárias, propensão a bajular os mercados financeiros -nada disso combina com Juscelino, nada disso combina com desenvolvimento econômico.
Queridos, encolhemos o Brasil
Clóvis Rossi
28/04/2006
Lá atrás, quando ainda engatinhava na caminhada para ser o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin ensaiou um slogan segundo o qual o Brasil precisaria de um "gerente". Era bobagem. Tanta bobagem que foi abandonada.Agora, o próprio Alckmin confessa que quer ser apenas um "prefeito". Meu Deus do céu, como o Brasil tornou-se desambicioso.
No governo FHC, cunhou-se a expressão "utopia do possível", uma contradição em termos, como é óbvio, e uma rendição à mediocridade. Buscar apenas o possível, qualquer medíocre o faz. Buscar a utopia é para os grandes, até porque, embora inalcançável, é só na sua busca que se consegue alargar os horizontes do possível.
Já a Presidência precisa de alguém que pense grande, realmente grande. Alguém que tenha a coragem de ousar, de romper moldes, de testar e desafiar limites. Alguém que, em vez de ler e/ou ouvir apenas os economistas de sempre, leia também Calderón de la Barca, para aprender que "la vida es sueño, y los sueños sueños son".
Não se faz um país sem sonhos. Não se faz um grande país sem grandes sonhos.
Paulo Nogueira Batista Jr.
27/04/2006
Hoje em dia, um Juscelino seria impensável. Ele sabia, instintivamente, que não existe desenvolvimento sem uma certa desordem. Todos ou quase todos os presidentes e presidenciáveis brasileiros invocam JK. Mas não é possível reviver o seu espírito sem correr riscos, sem espírito de aventura.
O escrúpulo é a morte da ação, dizia Fernando Pessoa. Ninguém chega a JK deixando-se dominar por escrúpulos econômico-financeiros. Fiscalismo exacerbado, obsessões antiinflacionárias, propensão a bajular os mercados financeiros -nada disso combina com Juscelino, nada disso combina com desenvolvimento econômico.
Queridos, encolhemos o Brasil
Clóvis Rossi
28/04/2006
Lá atrás, quando ainda engatinhava na caminhada para ser o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin ensaiou um slogan segundo o qual o Brasil precisaria de um "gerente". Era bobagem. Tanta bobagem que foi abandonada.Agora, o próprio Alckmin confessa que quer ser apenas um "prefeito". Meu Deus do céu, como o Brasil tornou-se desambicioso.
No governo FHC, cunhou-se a expressão "utopia do possível", uma contradição em termos, como é óbvio, e uma rendição à mediocridade. Buscar apenas o possível, qualquer medíocre o faz. Buscar a utopia é para os grandes, até porque, embora inalcançável, é só na sua busca que se consegue alargar os horizontes do possível.
Já a Presidência precisa de alguém que pense grande, realmente grande. Alguém que tenha a coragem de ousar, de romper moldes, de testar e desafiar limites. Alguém que, em vez de ler e/ou ouvir apenas os economistas de sempre, leia também Calderón de la Barca, para aprender que "la vida es sueño, y los sueños sueños son".
Não se faz um país sem sonhos. Não se faz um grande país sem grandes sonhos.
Ideologia
João Sayad
24/04/2006
A privatização deu certo?
Os investimentos não aumentaram, como se esperava. No setor elétrico, tivemos o apagão. Na América Latina, a privatização do abastecimento de água só criou problemas. No Brasil, a Sabesp estatal funciona como uma sociedade anônima privada e vai bem.
A Telebrás havia ligado o Brasil inteiro. Faltavam telefones porque: a) a tecnologia era diferente da atual e b) os recursos para investir eram obrigatoriamente aplicados em títulos públicos por causa do controle do déficit público.
As estatais foram criadas para fazer investimentos antecipados em setores da economia que determinariam o destino do resto da economia.
Setores de ponta -por causa da tecnologia ou porque são instalados à frente da demanda- acabam sendo dominados por empresas verticalizadas ou por empresas estatais.
João Sayad
24/04/2006
A privatização deu certo?
Os investimentos não aumentaram, como se esperava. No setor elétrico, tivemos o apagão. Na América Latina, a privatização do abastecimento de água só criou problemas. No Brasil, a Sabesp estatal funciona como uma sociedade anônima privada e vai bem.
A Telebrás havia ligado o Brasil inteiro. Faltavam telefones porque: a) a tecnologia era diferente da atual e b) os recursos para investir eram obrigatoriamente aplicados em títulos públicos por causa do controle do déficit público.
As estatais foram criadas para fazer investimentos antecipados em setores da economia que determinariam o destino do resto da economia.
Setores de ponta -por causa da tecnologia ou porque são instalados à frente da demanda- acabam sendo dominados por empresas verticalizadas ou por empresas estatais.
A democracia e a água do banho
Gilberto Dupas
24/04/2006
Alguns intelectuais utilizam certa dose de arrogância na avaliação da democracia e de seus resultados. Peter Hakim, presidente do Diálogo Interamericano de Washington, saiu-se com essa: "Os eleitores peruanos têm um talento especial para escolher mal seus presidentes, e estão prestes a fazer isso novamente". Apostando que uma vitória de Humala criará um outro Chávez, Hakim só agora descobriu que "sucesso macroeconômico" não basta se a miséria e a exclusão social crescem.
A questão central é como algumas elites sonham a sua democracia. Essa grande utopia política, magnífico arranjo que pretende governabilidade com cidadania, incorporou-se aos valores ocidentais de modo radical; e compõe, com o de livre mercado, o grande bordão do atual discurso hegemônico. Mas ambos os conceitos são utilizados com grande ambigüidade, visando preservar privilégios: o do livre mercado, pretende-se que seja praticado integralmente somente pelos mais pobres; e o de democracia, só merece elogios se as urnas consagram candidatos que agradam as elites econômicas.
Quando a prática democrática unge Chávez, Evo Morales ou Humala, essas mesmas elites tendem a desqualificar o regime; ou tentam melar o jogo. Na "democracia" imposta à bala no Iraque, Condoleezza Rice reclamou que o primeiro-ministro eleito em meio a poças de sangue é fraco demais. Muita gente lembrou, com ironia, que Saddam Hussein talvez fosse o candidato forte "ideal".
Gilberto Dupas
24/04/2006
Alguns intelectuais utilizam certa dose de arrogância na avaliação da democracia e de seus resultados. Peter Hakim, presidente do Diálogo Interamericano de Washington, saiu-se com essa: "Os eleitores peruanos têm um talento especial para escolher mal seus presidentes, e estão prestes a fazer isso novamente". Apostando que uma vitória de Humala criará um outro Chávez, Hakim só agora descobriu que "sucesso macroeconômico" não basta se a miséria e a exclusão social crescem.
A questão central é como algumas elites sonham a sua democracia. Essa grande utopia política, magnífico arranjo que pretende governabilidade com cidadania, incorporou-se aos valores ocidentais de modo radical; e compõe, com o de livre mercado, o grande bordão do atual discurso hegemônico. Mas ambos os conceitos são utilizados com grande ambigüidade, visando preservar privilégios: o do livre mercado, pretende-se que seja praticado integralmente somente pelos mais pobres; e o de democracia, só merece elogios se as urnas consagram candidatos que agradam as elites econômicas.
Quando a prática democrática unge Chávez, Evo Morales ou Humala, essas mesmas elites tendem a desqualificar o regime; ou tentam melar o jogo. Na "democracia" imposta à bala no Iraque, Condoleezza Rice reclamou que o primeiro-ministro eleito em meio a poças de sangue é fraco demais. Muita gente lembrou, com ironia, que Saddam Hussein talvez fosse o candidato forte "ideal".
20 abril 2006
- “Eu acho que a principal receita do FMI funcionou perfeitamente, e essa receita sempre foi: Conserte sua macroeconomia".
Raghuram Rajan
(Economista-chefe do FMI)
20/04/2006
- [O Brasil] “não está longe de atingir a perfeição no tratamento de saúde.”
Lula
19/04/2006
19 abril 2006
"Varig, Varig, ... Gate"
Rodrigo Della Pasqua Marocco
19/04/2006
Mais graves são os contornos políticos suspeitíssimos do caso. Como se sabe, os credores da Varig -trabalhadores (52%), empresas do governo (18%), arrendadores de aviões e turbinas (20%) e outros (10%)- aprovaram um plano de recuperação judicial para a empresa em 19 de dezembro último.
Antes que o gestor interino do plano pudesse respirar duas vezes, uma estatal, BR Distribuidora -credora pequena, mas fornecedora fundamental-, sacou cerca de US$ 30 milhões do caixa da Varig, ao cortar-lhe seu contrato rotativo de crédito para pagamento de combustível. Isso aconteceu em 13 de janeiro, a menos de 30 dias da aprovação do plano, que ela mesma, BR, havia apoiado. Ali começaram as penúrias da Varig pós-plano.
A leitura é clara: o governo não quer a Varig viva. Como afirmou o presidente Lula, logo após haver esnobado a presença de centenas de Variguianos clamando por equilíbrio e justiça (não por dinheiro público) à porta do seu palácio em Brasília. Ele disse: "Não cabe ao governo salvar empresa falida". Mas a Varig ainda estava e está em processo de recuperação. Pelo menos até que o governo, desrespeitando um plano privado de credores, começou a antecipar sua falência.
De fato, dos R$ 8 bilhões devidos pela Varig aos credores e ao fisco, ela contrapõe R$ 4,5 bilhões de créditos julgados contra o governo federal, mais R$ 1 bilhão contra diversos Estados. Só com o saldo credor da Varig retido por Brasília já seria possível zerar o rombo do fundo de pensão Aerus.
O "príncipe" e o marmiteiro
Luís Nassif
16/04/2006
Cá para nós, o deslumbramento sempre foi uma marca dos paulistas no poder.
José Sarney não se deslumbrou: era consciente de suas fraquezas e tinha uma objetividade de coronel nordestino polido para defender seus interesses. Fernando Collor era um alucinado. Nem pode dizer que se deslumbrou porque acreditava piamente ter superpoderes.
Itamar, não. Era um provinciano que não se envergonhava de sua condição -e isso lhe conferia até certa grandeza. Aliás, sentia-se tão desconfortável sob a capa de presidente que, certa vez, consegui uma posição dele sobre uma questão polêmica telefonando para o assessor Francisco Baker e solicitando a opinião "não do presidente Itamar, mas do cidadão Itamar Franco" sobre a questão. O cidadão respondeu na hora.
Em FHC sempre habitaram o inteligente e o vaidoso. E, do embate entre ambos, o inteligente só emergia em momentos de crise braba. No restante do tempo, primeiro mandato inteiro, o vaidoso convocava velhas testemunhas da história e indagava: "Jorge, quem foi o maior: Juscelino ou eu?". E o Jorge respondia: "É claro que você, Fernando".
Luís Nassif
16/04/2006
Cá para nós, o deslumbramento sempre foi uma marca dos paulistas no poder.
José Sarney não se deslumbrou: era consciente de suas fraquezas e tinha uma objetividade de coronel nordestino polido para defender seus interesses. Fernando Collor era um alucinado. Nem pode dizer que se deslumbrou porque acreditava piamente ter superpoderes.
Itamar, não. Era um provinciano que não se envergonhava de sua condição -e isso lhe conferia até certa grandeza. Aliás, sentia-se tão desconfortável sob a capa de presidente que, certa vez, consegui uma posição dele sobre uma questão polêmica telefonando para o assessor Francisco Baker e solicitando a opinião "não do presidente Itamar, mas do cidadão Itamar Franco" sobre a questão. O cidadão respondeu na hora.
Em FHC sempre habitaram o inteligente e o vaidoso. E, do embate entre ambos, o inteligente só emergia em momentos de crise braba. No restante do tempo, primeiro mandato inteiro, o vaidoso convocava velhas testemunhas da história e indagava: "Jorge, quem foi o maior: Juscelino ou eu?". E o Jorge respondia: "É claro que você, Fernando".
É mudança, não é esquerda
Clóvis Rossi
19/04/2006
Na primeira eleição democrática para a Presidência, em 1989, o eleitorado brasileiro escolheu para disputar o segundo turno dois candidatos "novos" (Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva). E o vencedor, Collor, foi aquele que melhor enganou como símbolo da mudança.
Se houvesse um eleitorado consolidado realmente de esquerda, Lula teria ganho no pleito seguinte, descoberto o engodo Collor. Perdeu duas vezes -e no primeiro turno.
Conseqüência: o pêndulo vai para a esquerda, não por um súbito ímpeto marxista, mas na busca da mudança.
Seria assim em outubro no Brasil se houvesse alguém percebido como mudancista.
Clóvis Rossi
19/04/2006
Na primeira eleição democrática para a Presidência, em 1989, o eleitorado brasileiro escolheu para disputar o segundo turno dois candidatos "novos" (Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva). E o vencedor, Collor, foi aquele que melhor enganou como símbolo da mudança.
Se houvesse um eleitorado consolidado realmente de esquerda, Lula teria ganho no pleito seguinte, descoberto o engodo Collor. Perdeu duas vezes -e no primeiro turno.
Conseqüência: o pêndulo vai para a esquerda, não por um súbito ímpeto marxista, mas na busca da mudança.
Seria assim em outubro no Brasil se houvesse alguém percebido como mudancista.
14 abril 2006
A imolação da Varig
Luís Nassif
14/04/2006
Não tem cabimento essa processo de imolação de Varig. Os defensores do fim da Varig se baseiam em princípios incorretos, em preconceitos que impedem de enxergar a solução que seja melhor para todos: funcionários, credores e país.
Engano 1 - se uma empresa é operacionalmente viável, mesmo que o resultado operacional seja insuficiente para pagar as dívidas, fechá-la significará aumentar o prejuízo dos credores. É por isso que, no limite, credores aceitam deságio do que têm a receber, entregando os anéis para não perder os dedos. Com a Varig fechada, todos perderão anéis e dedos. A dívida continuará a mesma, mas o valor da companhia virará pó.
Engano 2 - supor que os males que afligem a Varig são de responsabilidade geral de todos os funcionários. O problema da Varig é governança, um esquema de poder torto que permitiu a um grupo se encastelar no seu comando e depená-la. Sem a Fundação Ruben Berta, a Varig é uma empresa plenamente viável, com valores corporativos que não foram contaminados, na base, pela ação deletéria de seus gestores.
Engano 3 - uma empresa não pode ser avaliada pelos seus ativos fixos. Se fosse assim, bastaria fechar a empresa e ratear os ativos entre os credores. Mas se trata de uma forma contabilmente arcaica de medir valor. A Varig vale menos por suas instalações, vale mais pela sua tripulação, pela equipe de manutenção, pela parte administrativa, pela estrutura comercial, pela operação em vários países e em várias cidades do país. Tudo isso virará pó se a empresa for fechada.
Engano 4 - como o mercado está crescendo, não haverá problema social com os 11 mil funcionários que serão desempregados. Ledo engano! Há direitos trabalhistas relevantes que desaparecerão em caso de fechamento da companhia, carreiras serão ceifadas, com funcionários experientes tendo que recomeçar em cargos menores em outras companhias, com outra cultura.Por isso mesmo, não era hora de a Secretaria de Previdência Complementar intervir no fundo Aerus, o grande instrumento de que dispunham os funcionários para impedir o fim da companhia.
Luís Nassif
14/04/2006
Não tem cabimento essa processo de imolação de Varig. Os defensores do fim da Varig se baseiam em princípios incorretos, em preconceitos que impedem de enxergar a solução que seja melhor para todos: funcionários, credores e país.
Engano 1 - se uma empresa é operacionalmente viável, mesmo que o resultado operacional seja insuficiente para pagar as dívidas, fechá-la significará aumentar o prejuízo dos credores. É por isso que, no limite, credores aceitam deságio do que têm a receber, entregando os anéis para não perder os dedos. Com a Varig fechada, todos perderão anéis e dedos. A dívida continuará a mesma, mas o valor da companhia virará pó.
Engano 2 - supor que os males que afligem a Varig são de responsabilidade geral de todos os funcionários. O problema da Varig é governança, um esquema de poder torto que permitiu a um grupo se encastelar no seu comando e depená-la. Sem a Fundação Ruben Berta, a Varig é uma empresa plenamente viável, com valores corporativos que não foram contaminados, na base, pela ação deletéria de seus gestores.
Engano 3 - uma empresa não pode ser avaliada pelos seus ativos fixos. Se fosse assim, bastaria fechar a empresa e ratear os ativos entre os credores. Mas se trata de uma forma contabilmente arcaica de medir valor. A Varig vale menos por suas instalações, vale mais pela sua tripulação, pela equipe de manutenção, pela parte administrativa, pela estrutura comercial, pela operação em vários países e em várias cidades do país. Tudo isso virará pó se a empresa for fechada.
Engano 4 - como o mercado está crescendo, não haverá problema social com os 11 mil funcionários que serão desempregados. Ledo engano! Há direitos trabalhistas relevantes que desaparecerão em caso de fechamento da companhia, carreiras serão ceifadas, com funcionários experientes tendo que recomeçar em cargos menores em outras companhias, com outra cultura.Por isso mesmo, não era hora de a Secretaria de Previdência Complementar intervir no fundo Aerus, o grande instrumento de que dispunham os funcionários para impedir o fim da companhia.
A Varig e a seita do mercado neoliberal
J. Carlos de Assis
18/04/2006
A Varig é uma das poucas corporações brasileiras. Como tal, é um ativo nacional no contexto da competição global das empresas aéreas. É verdade que, por muito tempo, foi pessimamente administrada pela Fundação Rubem Berta, cujos integrantes cuidavam mais dos próprios interesses individuais do que dos interesses da empresa. Entretanto, o governo, de Sarney a Lula, foi cúmplice desse mau gerenciamento. Não fez nada para evitá-lo, e certamente, com sua indiferença, contribuiu para seu agravamento.
A empresa acumulou uma dívida da ordem de mais de R$ 8 bilhões, à qual se contrapõe um crédito junto ao governo, com sentença transitada em julgado, de quase R$ 6 bilhões. Um encontro de contas a colocaria, de forma quase automática, em condições operacionais para saldar a dívida remanescente. No entanto, o governo finge que sua dívida não existe. Claro que ele não diz que não vai pagar. Se dissesse, estaria destruindo a ordem jurídica. Ele apenas usa de subterfúgios para retardar indefinidamente o pagamento.
A estupidez neoliberal liquidou com nossa Marinha Mercante: hoje perdemos mais de 4 bilhões de dólares anuais em fretes, o que se deveu à notável “visão estratégica” de um presidente chamado Collor. O estrategista Lula, com seu conselho chefiado pelo cristão novo neoliberal Mantega, está pronto para liquidar, em nome do “mercado”, com a maior de nossas empresas aéreas internacionais! Quanto isso vai nos custar no futuro?
J. Carlos de Assis
18/04/2006
A Varig é uma das poucas corporações brasileiras. Como tal, é um ativo nacional no contexto da competição global das empresas aéreas. É verdade que, por muito tempo, foi pessimamente administrada pela Fundação Rubem Berta, cujos integrantes cuidavam mais dos próprios interesses individuais do que dos interesses da empresa. Entretanto, o governo, de Sarney a Lula, foi cúmplice desse mau gerenciamento. Não fez nada para evitá-lo, e certamente, com sua indiferença, contribuiu para seu agravamento.
A empresa acumulou uma dívida da ordem de mais de R$ 8 bilhões, à qual se contrapõe um crédito junto ao governo, com sentença transitada em julgado, de quase R$ 6 bilhões. Um encontro de contas a colocaria, de forma quase automática, em condições operacionais para saldar a dívida remanescente. No entanto, o governo finge que sua dívida não existe. Claro que ele não diz que não vai pagar. Se dissesse, estaria destruindo a ordem jurídica. Ele apenas usa de subterfúgios para retardar indefinidamente o pagamento.
A estupidez neoliberal liquidou com nossa Marinha Mercante: hoje perdemos mais de 4 bilhões de dólares anuais em fretes, o que se deveu à notável “visão estratégica” de um presidente chamado Collor. O estrategista Lula, com seu conselho chefiado pelo cristão novo neoliberal Mantega, está pronto para liquidar, em nome do “mercado”, com a maior de nossas empresas aéreas internacionais! Quanto isso vai nos custar no futuro?
11 abril 2006
Aceitação forçada
Jânio de Freitas
11/04/2006
Daí se chega à outra impressão muito exposta, segundo a qual Lula se mostra inatingido ou até inatingível pelos escândalos que o circundam. Será mesmo esse o motivo maior de sua queda tão pequena, dois pontos que, a partir dos seus 42, equivalem à estabilidade apesar de tudo?
Considerados os problemas aí em cima do seu competidor imediato e, como complemento, a permanência de Garotinho na terceira posição, pode-se concluir que parte do eleitorado reage à falta de candidatos que o satisfaçam como alternativa a Lula.
Somada essa parte àquele eleitorado lulista de fato, nos seus permanentes 30 e poucos por cento, temos o que parece a liderança de Lula feita por indiferença aos escândalos, quando o problema é de insatisfação e não de indiferença. Em favor dessa conclusão há, ainda, as pesquisas do começo do ano, em que Lula era batido por Serra. Não pelo que de notável Serra estivesse fazendo na prefeitura, que de notável mesmo nada apareceu, mas por reprovação a Lula e aos escândalos.
O eleitorado está levando culpas que, por ora, não se provam.
Jânio de Freitas
11/04/2006
Daí se chega à outra impressão muito exposta, segundo a qual Lula se mostra inatingido ou até inatingível pelos escândalos que o circundam. Será mesmo esse o motivo maior de sua queda tão pequena, dois pontos que, a partir dos seus 42, equivalem à estabilidade apesar de tudo?
Considerados os problemas aí em cima do seu competidor imediato e, como complemento, a permanência de Garotinho na terceira posição, pode-se concluir que parte do eleitorado reage à falta de candidatos que o satisfaçam como alternativa a Lula.
Somada essa parte àquele eleitorado lulista de fato, nos seus permanentes 30 e poucos por cento, temos o que parece a liderança de Lula feita por indiferença aos escândalos, quando o problema é de insatisfação e não de indiferença. Em favor dessa conclusão há, ainda, as pesquisas do começo do ano, em que Lula era batido por Serra. Não pelo que de notável Serra estivesse fazendo na prefeitura, que de notável mesmo nada apareceu, mas por reprovação a Lula e aos escândalos.
O eleitorado está levando culpas que, por ora, não se provam.
10 abril 2006
- "Buchada de bode é uma delícia. Vocês estão assim porque nunca moraram em Paris, onde esse é um prato sofisticado."
FHC
13/06/1994
Pobres e ricos
Mauro Santayana
10/04/2006
Fernando Henrique Cardoso, talvez se considerando homem rico, disse, em programa noturno de televisão, que os pobres quando chegam ao poder perdem o sentido do que são. Vale a pena transcrever a frase, tal como a divulgaram os jornais deste fim de semana: ''Você não pode mudar o seu jeitão quando chega ao poder. Pobre, quando chega lá em cima, pensa que é outra coisa''.
Deslumbrar-se com o poder não é maldição dos pobres. Quem não se recorda do fascínio que as pompas e glórias do cargo exerceram sobre o príncipe sociólogo? Em seu caso, sempre houve o desdém sobre o resto dos brasileiros. O próprio Jô Soares, que o entrevistou na semana passada, abriu um de seus programas vestido jocosamente como roceiro e usando chapéu de palha, porque o presidente dissera, horas antes, que os brasileiros são todos caipiras.
O ex-presidente governou o país como se estivesse sentado no mais alto trono do mundo, e isso faz lembrar cáustica frase de Montaigne sobre a anatomia e a arrogância do poder. Estava ausente de nossas dificuldades, preocupado em brilhar nas cortes européias e nos jardins de Harvard e Oxford. Mas não deveria ter dito o que disse. Como escreveu, em uma de suas crônicas, o inexcedível Rubem Braga, os pobres são muito orgulhosos. Devem ter anotado a ofensa.
09 abril 2006
Bola final
Elio Gaspari
09/04/2006
São muitas as coisas que Lula não sabe, mas "nosso guia" sabe que, se o sigilo bancário de Paulo Okamotto for aberto, sua candidatura à reeleição será um capítulo encerrado.
Elio Gaspari
09/04/2006
São muitas as coisas que Lula não sabe, mas "nosso guia" sabe que, se o sigilo bancário de Paulo Okamotto for aberto, sua candidatura à reeleição será um capítulo encerrado.
Uma história de frustrações
Clóvis Rossi
09/04/2006
Não houve, nunca houve, pelo menos até agora, nada que realmente mudasse estruturalmente o Brasil. Parece um país condenado a ser campeão mundial no quesito frustração vence a esperança.
Clóvis Rossi
09/04/2006
Não houve, nunca houve, pelo menos até agora, nada que realmente mudasse estruturalmente o Brasil. Parece um país condenado a ser campeão mundial no quesito frustração vence a esperança.
08 abril 2006
Um sonho de verão na sucessão presidencial
J. Carlos de Assis
08/04/2006
Diante da ameaça de Geraldo Alckmin, voto em Lula. Diante da ameaça de Lula ganhar no primeiro turno, voto em Itamar. Ou voto em Garotinho. Ou voto em Heloísa Helena. Qualquer um desses três, uma vez obtendo algo como 10 a 15% dos votos, serviria para desempenhar o papel de fiel da balança num segundo turno. Nesse caso, Lula seria obrigado a assumir algum compromisso de mudar a política econômica e de fazer alguma coisa para promover a retomada efetiva, e não apenas demagógica, da economia brasileira, favorecendo o pleno emprego e revertendo a causa de nossa maior crise social em décadas.
J. Carlos de Assis
08/04/2006
Diante da ameaça de Geraldo Alckmin, voto em Lula. Diante da ameaça de Lula ganhar no primeiro turno, voto em Itamar. Ou voto em Garotinho. Ou voto em Heloísa Helena. Qualquer um desses três, uma vez obtendo algo como 10 a 15% dos votos, serviria para desempenhar o papel de fiel da balança num segundo turno. Nesse caso, Lula seria obrigado a assumir algum compromisso de mudar a política econômica e de fazer alguma coisa para promover a retomada efetiva, e não apenas demagógica, da economia brasileira, favorecendo o pleno emprego e revertendo a causa de nossa maior crise social em décadas.
07 abril 2006
Volta, Collor
Clóvis Rossi
07/04/2006
Se Fernando Collor de Mello tivesse feito a metade, só a metade, do que faz o lulo-petismo para tentar apagar suas digitais, muito provavelmente teria sobrevivido até o fim no Palácio do Planalto.
Ah, claro, teria também que pagar os R$ 146 bilhões/ano (dados de 2005) que o lulo-petismo paga à cobertura do andar de cima, na forma de juros, para comprar a omissão, a leniência e a cumplicidade dela.
A conspiração que Antonio Palocci fez para tentar desmoralizar o caseiro Francenildo Costa não tem similar. Envolveu uma das mais importantes instituições financeiras públicas, a Caixa Federal, no seu mais alto nível; envolveu o Gabinete de Segurança Institucional (o novo nome para o velho SNI da ditadura) no seu mais alto nível; envolveu o Ministério da Justiça e, por extensão, a Polícia Federal em nível bastante alto.
Repito: esse jogo só os Somozas da vida jogam. Só é possível em republiquetas nas quais se cria o caldo de cultura do abuso e da impunidade. Caldo de cultura afagado por Luiz Inácio Lula da Silva quando chama de "grande irmão" quem promoveu tão obscena conspiração.
É a conspiração premiada em vez da delação premiada. É o escrúpulo zero em vez do Fome Zero.
06 abril 2006
- "Seria uma loucura [alterar a política econômica]. Se a política econômica estivesse dando resultado ruim, mas está dando certo."
Guido Mantega
(Ministro da Fazenda)
05/04/2006
- “O Brasil se encontra em um momento de solidez econômica. Vemos indicadores econômicos que são muito robustos, muito fortes. Os aspectos mais fundamentais da economia brasileira claramente deverão continuar.”
Anoop Singh
(Diretor do FMI)
Viva Itamar
Clóvis Rossi
06/04/2006
Até entendo: é a primeira eleição em que a elite está tranqüila e feliz porque os dois principais candidatos são francamente pró-mercado.
Mas democracia e mercado ainda não são -ou não deveriam ser- a mesma coisa.
Clóvis Rossi
06/04/2006
Até entendo: é a primeira eleição em que a elite está tranqüila e feliz porque os dois principais candidatos são francamente pró-mercado.
Mas democracia e mercado ainda não são -ou não deveriam ser- a mesma coisa.
O Brasil pode crescer mais?
Paulo Nogueira Batista jr.
06/04/2006
O período Malan-Palocci foi um fracasso em termos de crescimento. Entre 1996 e 2005, o nosso PIB per capita aumentou em média apenas 0,7% ao ano, uma das menores taxas de crescimento do mundo, segundo levantamento recente da CNI.
No subperíodo Palocci, o que conteve o crescimento foi fundamentalmente a adoção de políticas macroeconômicas exageradamente restritivas. Prevaleceu uma mentalidade hipercautelosa, que dava prioridade quase absoluta ao combate à inflação e procurava bajular permanentemente os mercados financeiros.
A economia possui grande capacidade ociosa. A indústria brasileira opera atualmente com cerca de 80% da capacidade instalada, segundo a CNI. E esses dados tendem a subestimar a efetiva capacidade de produção da indústria.
O desemprego da força de trabalho também é alto, apesar da diminuição recente. As taxas de desemprego total (que incluem desemprego aberto, desemprego por trabalho precário e desemprego por desalento) são muito elevadas. Na Região Metropolitana de São Paulo, o desemprego total alcança 16%. No Distrito Federal, 19%. Em Porto Alegre, 13%. Em Recife, 21%. Em Salvador, 24%.
Há muito tempo que não se vê uma configuração macroeconômica tão favorável ao crescimento vigoroso dos níveis de atividade e de emprego.
Faltou, até agora, governo para aproveitá-la.
Paulo Nogueira Batista jr.
06/04/2006
O período Malan-Palocci foi um fracasso em termos de crescimento. Entre 1996 e 2005, o nosso PIB per capita aumentou em média apenas 0,7% ao ano, uma das menores taxas de crescimento do mundo, segundo levantamento recente da CNI.
No subperíodo Palocci, o que conteve o crescimento foi fundamentalmente a adoção de políticas macroeconômicas exageradamente restritivas. Prevaleceu uma mentalidade hipercautelosa, que dava prioridade quase absoluta ao combate à inflação e procurava bajular permanentemente os mercados financeiros.
A economia possui grande capacidade ociosa. A indústria brasileira opera atualmente com cerca de 80% da capacidade instalada, segundo a CNI. E esses dados tendem a subestimar a efetiva capacidade de produção da indústria.
O desemprego da força de trabalho também é alto, apesar da diminuição recente. As taxas de desemprego total (que incluem desemprego aberto, desemprego por trabalho precário e desemprego por desalento) são muito elevadas. Na Região Metropolitana de São Paulo, o desemprego total alcança 16%. No Distrito Federal, 19%. Em Porto Alegre, 13%. Em Recife, 21%. Em Salvador, 24%.
Há muito tempo que não se vê uma configuração macroeconômica tão favorável ao crescimento vigoroso dos níveis de atividade e de emprego.
Faltou, até agora, governo para aproveitá-la.
05 abril 2006
De SeabraFagundes@edu para ThomazBastos@gov.br
Elio Gaspari
05/04/2006
Estimado ministro Márcio Thomaz Bastos,
O senhor teve toda razão ao insistir com "nosso guia" na necessidade de se demitir "o grande irmão" . Teve razão até ao exaltar-se noutra conversa. Só nós sabemos quanto o senhor sabe. Sabe demais. Pensando bem (sempre sem comparar minha crise com a sua), eu fui embora quando soube.
Respeitosamente,
Miguel Seabra Fagundes
(1910-1993)
De Vargas a Palocci
Editorial
Jornal do Commercio do Rio
29/3/2006
Atropelado pela realidade, os amigos de todas as horas mais preocupados com a própria pele, sem qualquer apoio, Vargas viu-se obrigado a reconhecer, como disse, que um rio de lama corria nos porões do Palácio do Catete. Pretendeu licenciar-se, hipótese recusada. Desesperado, viu única saída: deu um tiro no coração. Em 1954, sim, o Brasil viveu crise política, com sangue e lágrimas.
O que vemos em Brasília desde o ano passado é pantomima. No Catete, corria lama; no Alvorada, subiu poeira, que logo estará assentada - que falta fez/faz José Dirceu?
Falta povo em Brasília.
E agora, Lula?
Dad Squarisi
30/03/2006
Lula tinha tudo pra ser gauche na vida — pobre, nordestino retirante, sem educação formal, desconhecedor da norma culta da língua. Superou as barreiras. Nesta Pindorama preconceituosa, foi façanha de Hércules.
Presidente, sentiu-se deus. Dividiu fatias do céu com os companheiros. Ofuscados pelo poder, eles se mostraram iguais aos descendentes de Mem de Sá que governam o Brasil há 500 anos. Um após outro, ardem nas fogueiras do inferno. Com uma eleição pela frente, a pergunta é uma só. E agora, Lula?
Dad Squarisi
30/03/2006
Lula tinha tudo pra ser gauche na vida — pobre, nordestino retirante, sem educação formal, desconhecedor da norma culta da língua. Superou as barreiras. Nesta Pindorama preconceituosa, foi façanha de Hércules.
Presidente, sentiu-se deus. Dividiu fatias do céu com os companheiros. Ofuscados pelo poder, eles se mostraram iguais aos descendentes de Mem de Sá que governam o Brasil há 500 anos. Um após outro, ardem nas fogueiras do inferno. Com uma eleição pela frente, a pergunta é uma só. E agora, Lula?
- "O Brasil e os mercados são afortunados pelo fato de Meirelles permanecer em seu lugar no Banco Central."
William Rhodes
(Presidente do Citibank)
31/03/2006
04 abril 2006
Estrutura do modelo em crise?
Waldemar Rossi
04/04/2006
Passada aquela época, em que o capital se saiu vitorioso e difundiu o “pensamento único” de que ele é a própria história, enganando os menos avisados e, sobretudo, os trouxas – muitos deles com nível universitário -, estamos assistindo a uma nova etapa dessa história: sua crise estrutural. A nosso ver, os problemas enfrentados pelo capitalismo no mundo não são apenas conjunturais, pois a rebeliões se alastram pelos continentes, depois de longos anos de hegemonia absoluta do capital.
Falar em crise estrutural não significa necessariamente dizer que o sistema está próximo do seu fim. Mas implica dizer que, se ele não conseguir reverter tal quadro de exclusão, de exploração irracional e de miséria em nível mundial, poderá entrar em colapso ao provocar a irradiação global dos movimentos de contestação.
- “Sou radicalmente contra um partido institucional e exclusivamente eleitoral. Se tivesse que citar o veneno maior que levou o PT ao seu processo de desvertebração completo, diria que foi o seu abandono da condição de um partido cuja centralidade era dada nas lutas sociais para tornar-se um partido cuja centralidade passou a ser, cada vez mais, a busca da vitória eleitoral. Chegou ao governo e foi o antípoda de tudo o que propôs. Tornou-se um partido eleitoreiro, que chafurda numa crise inimaginável para a esquerda brasileira, latino-americana e mundial, dada a significação que possuía.”
Ricardo Antunes
Lula, Nixon, impeachment
Vinicius Torres Freire
03/04/2006
Lula é suspeito de acobertar crimes cometidos por seus subordinados na conspiração contra o caseiro Francenildo Costa. As penas para os crimes de responsabilidade são a inabilitação para funções públicas e a destituição do cargo, mais conhecida como impeachment. As penas são cabíveis ainda que tais crimes sejam "simplesmente tentados", diz a lei 1.079 de 1950, que define tais delitos.
Lula pode ser acusado de cometer crime de responsabilidade contra o livre exercício dos direitos individuais por tolerar que autoridades sob sua subordinação imediata praticassem abuso de poder, "sem repressão sua" (artigo 7º, 5, da lei 1.079).
Pode ser acusado de crime de responsabilidade contra a probidade na administração "por não tornar efetiva a responsabilidade dos subordinados, quando manifesta em delitos funcionais ou na prática de atos contrários à Constituição" (artigo 9º, 3).
Ao elogiar Palocci em público, em vez de denunciá-lo, Lula procedeu de "modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo" de presidente (artigo 9º, 7).
Vinicius Torres Freire
03/04/2006
Lula é suspeito de acobertar crimes cometidos por seus subordinados na conspiração contra o caseiro Francenildo Costa. As penas para os crimes de responsabilidade são a inabilitação para funções públicas e a destituição do cargo, mais conhecida como impeachment. As penas são cabíveis ainda que tais crimes sejam "simplesmente tentados", diz a lei 1.079 de 1950, que define tais delitos.
Lula pode ser acusado de cometer crime de responsabilidade contra o livre exercício dos direitos individuais por tolerar que autoridades sob sua subordinação imediata praticassem abuso de poder, "sem repressão sua" (artigo 7º, 5, da lei 1.079).
Pode ser acusado de crime de responsabilidade contra a probidade na administração "por não tornar efetiva a responsabilidade dos subordinados, quando manifesta em delitos funcionais ou na prática de atos contrários à Constituição" (artigo 9º, 3).
Ao elogiar Palocci em público, em vez de denunciá-lo, Lula procedeu de "modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo" de presidente (artigo 9º, 7).
02 abril 2006
- “Eles (do PT) se deslumbraram com algo que a monarquia britânica mantém para seduzir os babacas”
Leôncio Marins Rodrigues
02/04/2006
"Caminante, no hay camino"
Clóvis Rossi
02/04/2006
Bem feitas as contas, quem ganhou meu velho e desiludido coração foi North, com sua enfática afirmação de que não há tamanho único, universal e permanente, para o desenvolvimento (quando penso em desenvolvimento, penso em crescimento, mas também em sustentabilidade e em igualitarismo, sem o que não há efetivo desenvolvimento).
Não há essa história de "one size fits all", grita North, tão Nobel de Economia como Stiglitz.
Tudo depende das instituições que cada país cria, e elas, por sua vez, dependem da história e das idiossincrasias de cada sociedade, se North me perdoa pela simplificação.Ou, para pôr poesia nessa história, é como cantava o poeta socialista espanhol Rafael Alberti: "Caminante, no hay camino; el camino se hace al andar".
Pois é, Brasil, não está na hora de pelo menos começar a andar?
Clóvis Rossi
02/04/2006
Bem feitas as contas, quem ganhou meu velho e desiludido coração foi North, com sua enfática afirmação de que não há tamanho único, universal e permanente, para o desenvolvimento (quando penso em desenvolvimento, penso em crescimento, mas também em sustentabilidade e em igualitarismo, sem o que não há efetivo desenvolvimento).
Não há essa história de "one size fits all", grita North, tão Nobel de Economia como Stiglitz.
Tudo depende das instituições que cada país cria, e elas, por sua vez, dependem da história e das idiossincrasias de cada sociedade, se North me perdoa pela simplificação.Ou, para pôr poesia nessa história, é como cantava o poeta socialista espanhol Rafael Alberti: "Caminante, no hay camino; el camino se hace al andar".
Pois é, Brasil, não está na hora de pelo menos começar a andar?
01 abril 2006
O salto
Jânio de Freitas
31/03/2006
Em menos de 90 horas, entre o fim de tarde da segunda-feira e a manhã de hoje, Antonio Palocci dá um salto que só fora possível na ocorrência de golpe de Estado: passa direto do status de mais badalado ministro à cadeira do interrogatório em uma dependência policial.
Mantega e o compromisso de honra com juros baixos
J. Carlos de Assis
01/04/2006
A receita de choque para a economia brasileira seria uma drástica redução da taxa básica de juros, e uma redução vigorosa do superávit primário. Para isso, seria necessário, previamente, o controle do movimento de capitais, sobretudo agora quando a taxa de juros básica nos Estados Unidos está subindo. É que, sem esse controle, e com uma queda expressiva dos juros, bancos e grandes empresas serão tentados a desviar suas aplicações de curto prazo para o exterior, provocando uma sangria de reservas. O controle, como ocorre na maioria dos países emergentes, seria uma medida preventiva para evitar isso.
J. Carlos de Assis
01/04/2006
A receita de choque para a economia brasileira seria uma drástica redução da taxa básica de juros, e uma redução vigorosa do superávit primário. Para isso, seria necessário, previamente, o controle do movimento de capitais, sobretudo agora quando a taxa de juros básica nos Estados Unidos está subindo. É que, sem esse controle, e com uma queda expressiva dos juros, bancos e grandes empresas serão tentados a desviar suas aplicações de curto prazo para o exterior, provocando uma sangria de reservas. O controle, como ocorre na maioria dos países emergentes, seria uma medida preventiva para evitar isso.