03 junho 2006

 

Ninguém sai vivo daqui
Fernando Gabeira
03/06/2006

Às vezes acho que estou sonhando: o Brasil não é isto que está aí. Dolorosa pergunta me traz de novo ao chão: se o Brasil não é isto que está aí, por que isto que está aí continua? Volto para casa e me pergunto: o que fazer quando passam um trator nos seus direitos constitucionais? A resposta é: recorrer à Justiça.

Mas a imagem de um coquetel molotov emerge com a nitidez flamejante, torrando todos os resquícios do bom-mocismo. Não fui educado na Suíça nem temo que a lama respingue nos punhos de renda. Tenho vontade de cantar os versos celebrizados pelo The Doors: "Ninguém sai vivo daqui". Existe um limite para o pacifismo.

O espaço público em que nos movemos está dominado por uma aliança delicada: quase todos desviam dinheiro, alguns têm a missão de sepultar CPIs. De forma literária: uns queimam os ônibus e retiram as pessoas, outros queimam com todo mundo lá dentro.

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