16 julho 2006

 


A escalada
Jânio de Freitas
16/07/2006

A lógica brasileira de administração pública, portanto, ainda não teve motivo para incluir a insegurança urbana nas suas preocupações prioritárias. Tal como ocorre com o saneamento, o déficit habitacional, a saúde e o ensino públicos, a aposentadoria e o horror chamado INSS, a reforma agrária, o emprego. E tudo o mais que só diz respeito aos que elegem, mas não influenciam. Inclusive a favelização e o encarceramento. Não por acaso, o sórdido encarceramento à brasileira e as condições subumanas da favela têm muito em comum: um como versão extremada da outra.

Como solução, constroem-se mais presídios. E prendem-se cada vez mais criminosos. Duas progressões que não se resolvem. Só com os 126 mil já encarcerados, São Paulo e suas 93 mil vagas prisionais continuam acumulando um preso e meio onde só caberia um. Se cumpridos os milhares de mandados de prisão esperados pelo Judiciário, as várias modalidades de cadeia explodiriam, todas, sob a pressão dos corpos comprimidos. Seria a consagração do sistema carcerário praticado no Brasil.

O PCC realçou em São Paulo um cenário que não é só paulista. A política da repressão que se basta é nacional e histórica. Sempre se satisfez em prender, sem se interessar pelo que leva a essa necessidade crescente, nem pelo que sucede depois da prisão. Nas palavras com que o secretário de Segurança de São Paulo presta conta da ação governamental como resposta ao tumulto criminoso de maio: "Nestes dois meses prendemos 300".

This page is powered by Blogger. Isn't yours?