02 agosto 2006

 

Dez teses em favor do controle de capitais (4)
J. Carlos de Assis

Vejamos isso no caso brasileiro atual. Os capitalistas dispõem aqui de ativos financeiros virtualmente líquidos que rendem juros. Isso é uma contradição nos termos: liquidez significa ativo na forma monetária por excelência, e moeda, sendo líquida, não pode render juros. Todo mundo que faz depósito de poupança sabe que tem de deixar o dinheiro indisponível por algum tempo para ter direito a juros. Nesse sentido, juros é o preço pago pela indisponibilidade da moeda. O que é indisponível para quem aplica é disponível para quem toma, resultando em investimento.

Liquidez com juros é uma forma absurda no sistema capitalista. É dinheiro que rende dinheiro sem passar pelo processo produtivo. Em termos keynesianos, é uma espécie de “preferência pela liquidez” induzida pela alta taxa de juros, não propriamente para a especulação, mas para benefício certo garantido pelo Estado. É uma forma espúria de imobilizar o capital no circuito especulativo, sem qualquer relação com a economia real. Em suma, é o preço que se paga, no Brasil, por não ter controle de movimento de capitais na saída.

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