09 setembro 2006

 

Carta aberta a Fernando Henrique
Roberto Jefferson
09/09/2006

Mas não foi só você que se omitiu, Fernando Henrique. Lula também. E se Lula se omitiu diante dos erros dos ministros dele, o PSDB se omitiu frente aos erros do Presidente da República. Mais: da mesma forma que livraram Lula e Eduardo Azeredo, calaram-se frente aos fundos de pensão, pois ambos os manipularam.

Na época, em conversa com o presidente do PFL, Jorge Bonhausen, em sua casa, ele me confidenciou que não iriam tirar Lula da Presidência porque o vice-presidente, José Alencar, um capitão de indústria, de viés nacionalista, assumiria o comando e baixaria os juros, tornando-se imbatível na eleição. Disse-me Bornhausen: "Essa é a mesma posição de FHC".

Motivos para indignação e tomada de posição não faltaram à oposição. Ministros e homens de confiança do Presidente da República caíam como frutas maduras, pressionados pela força da verdade - nua e crua. Quem não se lembra do publicitário Duda Mendonça declarando à CPI que recebera dinheiro de caixa dois no exterior como pagamento pelas campanhas do PT? Deputados petistas choravam em plenário como coro de carpideiras, dando a senha para o grave momento que o Brasil vivia.

Enquanto isso, o mercado ia muito bem, obrigado. Nada o abalava. Se a economia está bem, está tudo numa boa. Na época, pontificava, todo garboso, o queridinho da mídia, o ex-ministro Antônio Palocci, maestro e arranjador da política monetária mais restritiva e extorsiva dos últimos tempos. E tome tucano a elogiar a administração do então todo-poderoso fraudador de senhas bancárias... Agora, os tucanos querem reclamar de quê?

Para complicar, com o discurso presidencial de que todo mundo é igual, pois faz caixa dois, todos foram para a vala comum. Agora é tarde.

Quando fui cassado, uma deputada amiga me confidenciou o que ouvira do tucano Alberto Goldman (SP): "Vamos cassar o Roberto Jefferson e o Zé Dirceu. O primeiro não pode escapar; caso contrário, vai ser um nome muito forte à Presidência...".

O Brasil ainda se ressente de uma terceira via, de um candidato fora do eixo tucano-petista que concorra com estrutura, ou seja, que seja viável eleitoralmente. E com uma nova proposta, que nos permita ver além do que nos reserva a elite financeira.

Já falam no nome de Aécio Neves, em 2010, mas não para concorrer pelo PSDB - seria pelo PMDB, pelas mãos (de quem?) de Lula.

Em que pese o atraso, devemos todos concordar que Fernando Henrique disse o que precisava ser dito. Tem razão ele, há que se espernear; caso contrário, o PSDB pode acabar no colo do PMDB. Pior, sob as bênçãos de Lula.


O novo modelo
Luis Nassif
09/09/2006

A discussão econômica continua presa a dois paradigmas superados: o modelo desenvolvimentista que se esgotou nos anos 80; e o chamado modelo neoliberal, de políticas públicas passivas, que se iniciou em 1994.

Já existe massa crítica de diagnósticos para que se dê um salto nessa dicotomia. Conto com a contribuição de vocês para sugerir temas ou interpretações.

Indústria nacional
Desenvolvimentismo: Protecionismo
Neoliberalismo: Abertura e apreciação cambial
Novo Modelo: Criação de um ambiente competitivo, com câmbio favorável.

Estado Nacional
Desenvolvimentismo: Estatização ampla
Neoliberalismo: Estado mínimo
Novo Modelo: Estado Gerencial

Responsabilidade Fiscal
Desenvolvimentismo: Sem regras
Neoliberalismo: Metas quantitativas de déficit
Novo Modelo: Acompanhamento qualitativo das despesas

Políticas Sociais
Desenvolvimentismo: Paternalistas
Neoliberalismo: Impessoais, mas sem escala
Novo Modelo: Com escala e com indicadores

Capital externo
Desenvolvimentismo: Restrições
Neoliberalismo: Abertura incondicional
Novo Modelo: Ênfase no capital produtivo e na transferência de tecnologia.

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