14 setembro 2006

 

Uma frase para Palocci
Jânio de Freitas
14/09/2006

Mas outro aspecto da freqüência de Palocci à casa revelada por Francenildo, à parte o aspecto das motivações pessoais, precisa dos esclarecimentos de um outro inquérito.

Em seu último ou penúltimo depoimento na Câmara, Rogério Buratti aproveitou um breve intervalo de diálogo, e nele encaixou esta frase: "O que interessa saber (ou "o importante é saber') para que eram as reuniões na casa". Foi desse mesmo jeito mais insinuado, voz baixa, que Buratti introduziu muitas indicações úteis aos questionadores. No caso, o teatrinho dos parlamentares logo se reanimou, e a frase de Buratti nada rendeu.

Nem por isso perdeu-se. E não só porque ficou gravada. Mas porque está viva como expectativa de esclarecimento com potencial equivalente, talvez, ao dos escândalos em que surgiu. Embora se limite a uma referência, no indiciamento de Palocci, o delegado Rodrigo Carneiro Gomes alerta o Ministério Público para indícios do crime de advocacia administrativa por Palocci. Práticas que costumam remeter a reuniões de negócios. E lembram Buratti.

Cavando uma trincheira
Demétrio Magnoli
14/09/2006

O horizonte de FHC não é outubro. São os próximos quatro anos.

Na hora da verdade, a oposição fracassou ao não dar nome às coisas. Sublimando o "crime de responsabilidade" de Lula, em parte para salvar Eduardo Azeredo, concedeu ao Planalto o passaporte para a difusão do discurso de que "todos os políticos são iguais". Essa flecha envenenada atravessou as instituições da República, que fenecem enquanto se agiganta o vulto do salvador da pátria.

Esse novo "partido de Lula", reverente aos interesses da alta finança, sustentado por políticas de clientela, composto por chefetes regionais e arrivistas, está sendo criado agora e só poderia nascer depois da morte do PT. No cenário dos sonhos do presidente-pai, que se vê ao espelho como a imagem da própria nação, o segundo mandato não será toldado por essa inconveniência da democracia que é a existência de oposição.

A marca que distingue o estadista do líder político comum não é uma propensão menor ao erro, mas a capacidade de elevar-se acima da conjuntura e expressar o interesse público de longo prazo. Os estadistas revelam-se quando se encontram fora do poder e, para mudar o rumo das coisas, aceitam a solidão política momentânea. A carta de 7 de setembro é um gesto de estadista.


O grande segredo alckmista
Vinicius Torres Freire
14/09/2006

Um programa governo jamais é só aquele folheto em tecnocratês aguado que os candidatos costumam distribuir, embora folhetos melhores contenham algumas respostas às questões centrais da administração.

O programa real aparece quando o candidato nomeia claramente uns três líderes político-intelectuais de sua campanha, quando não desconversa sobre a meia dúzia de problemas de fato críticos e quando se percebe a conexão da candidatura com forças sociais. Collor teve programa. FHC também. Lula teve -era em parte mentira e teve de refazê-lo em meio ao caos de 2002, mas teve. Se "Geraldo" tem um programa, ele não ousa dizer seu nome.

Rumoreja que o nome do programa alckmista seja Yoshiaki Nakano, grande economista e administrador público. Mas, como nem "Geraldo" o nomeou, resta o choque de indigestão provocado pela gororoba do teatrinho eleitoral da TV e dos folheto alckmistas, ainda incompletos.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?