28 novembro 2005

 

Burocracia e ambigüidade
João Sayad
28/11/2005

Os Estados Unidos são protestantes. Vivem entre ondas de fundamentalismo e pragmatismo. O Brasil é católico. Deveria ser pragmático. Entretanto, subdesenvolvido, é vítima freqüente do fundamentalismo importado.

Pragmatismo é o nome da filosofia americana que define a verdade como aquilo que é útil e funciona. Quem vê o mundo de longe, a partir do laboratório ou de Washington acaba viciado em fundamentalismo.

No Brasil, ainda há economistas que defendem mobilidade maior do capital. Há duas semanas, foi proposta a manutenção por dez anos de um superávit primário de 5% -que, atualmente, já é de 6,6% do PIB. Campeão do fundamentalismo é o Banco Central na forma como administra o regime de metas de inflação e câmbio flutuante. O pragmatismo exige eterna vigilância.

A política econômica que dá certo é desenhada por uma combinação equilibrada de economistas cheios de princípios e de burocratas cautelosos. Como a boa cozinha, depende pouco da receita e muito do capricho do cozinheiro que tempera a comida devagarzinho, experimentando com a colher na panela. Tente fazer pastel de queijo lendo apenas o livro de receitas.

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