13 dezembro 2005
As razões para a dose elevada do superávit
J. Carlos de Assis
13/12/2005
A teoria que está por trás dessa aberração nos diz que é preciso equilibrar, internamente, com saldo fiscal primário em real, o saldo externo em conta corrente em dólar. Entretanto, trata-se de um conceito estático. Dinamicamente, na medida em que a economia cresce, aumenta a necessidade de meios de pagamento para mantê-la em funcionamento. Isso significa que pelo menos parte do saldo externo em conta corrente pode ser financiado internamente por emissão monetária e de crédito não inflacionária, concorrendo para a expansão da economia e do emprego.
É isso que explica a fantástica expansão econômica do Japão e da Alemanha no pós-guerra, a partir de imensos superávits comerciais. Se estivessem sujeitos às mesmas regras fiscal-monetárias que ordenam atualmente a economia brasileira, esses países teriam que fazer elevados superávits primários para neutralizar o efeito monetário expansivo de seus grandes saldos comerciais. Em conseqüência, teriam travado suas economias. Pode-se dizer o mesmo das economias emergentes atuais da Ásia, com seus gigantescos superávits externos, porém acompanhados de uma política fiscal-monetária expansiva.
Contudo, existe também o argumento de que se deve fazer um alto superávit primário para garantir a credibilidade da dívida pública perante o investidor interno. Não nos explicam de quanto deve ser o superávit, mas pode ser tão alto quanto o necessário para pagar todos os juros da dívida pública às taxas atuais, conforme quer o deputado Delfim Netto. Trata-se de outra sandice. É, igualmente, uma visão simplista e estática das relações fiscais-monetárias, pois desconhece o efeito do crescimento econômico na absorção do crescimento da moeda e do crédito, e na redução da relação dívida/PIB.
J. Carlos de Assis
13/12/2005
A teoria que está por trás dessa aberração nos diz que é preciso equilibrar, internamente, com saldo fiscal primário em real, o saldo externo em conta corrente em dólar. Entretanto, trata-se de um conceito estático. Dinamicamente, na medida em que a economia cresce, aumenta a necessidade de meios de pagamento para mantê-la em funcionamento. Isso significa que pelo menos parte do saldo externo em conta corrente pode ser financiado internamente por emissão monetária e de crédito não inflacionária, concorrendo para a expansão da economia e do emprego.
É isso que explica a fantástica expansão econômica do Japão e da Alemanha no pós-guerra, a partir de imensos superávits comerciais. Se estivessem sujeitos às mesmas regras fiscal-monetárias que ordenam atualmente a economia brasileira, esses países teriam que fazer elevados superávits primários para neutralizar o efeito monetário expansivo de seus grandes saldos comerciais. Em conseqüência, teriam travado suas economias. Pode-se dizer o mesmo das economias emergentes atuais da Ásia, com seus gigantescos superávits externos, porém acompanhados de uma política fiscal-monetária expansiva.
Contudo, existe também o argumento de que se deve fazer um alto superávit primário para garantir a credibilidade da dívida pública perante o investidor interno. Não nos explicam de quanto deve ser o superávit, mas pode ser tão alto quanto o necessário para pagar todos os juros da dívida pública às taxas atuais, conforme quer o deputado Delfim Netto. Trata-se de outra sandice. É, igualmente, uma visão simplista e estática das relações fiscais-monetárias, pois desconhece o efeito do crescimento econômico na absorção do crescimento da moeda e do crédito, e na redução da relação dívida/PIB.