02 dezembro 2005

 

Chamando Keynes para o debate
Luiz Carlos Mendonça de Barros

02/12/2005

Minha posição crítica em relação à condução da política econômica atual é conhecida. Considero equivocada, na sua concepção e na sua operação, a política monetária conduzida pelo Banco Central. A decepção com o crescimento da economia só não ocorreu mais cedo por conta de um "boom" de crédito ao consumidor, que amorteceu os efeitos da política monetária do BC. Mas agora, com a demanda por financiamentos por parte dos consumidores voltando a seu leito normal, os juros começam a afetar o consumo.

Como posso afirmar isso? Apenas olhando com os olhos de Keynes para os números que estão presentes no relatório do IBGE. Quando se faz esse exercício, uma informação salta aos olhos do analista. A taxa de crescimento do consumo privado, que representa quase 60% da formação do PIB, vem se reduzindo sistematicamente desde o último trimestre de 2004. No período julho/setembro deste ano, ela chegou a apenas a 2,8% em relação ao mesmo período de 2004 e não há razão para esperar uma reversão desse quadro.

O "boom" de crédito já passou, e a queda gradual dos juros ao longo dos próximos meses não tem força suficiente para estimular o consumo das pessoas. Além disso, o aumento do emprego tem perdido dinamismo nos últimos meses, inclusive com evidências de que parte da criação de vagas está sendo feita à custa de salários cadentes. Porém, mesmo que se estabilize a taxa de crescimento do consumo das famílias, ainda assim estaremos falando de um crescimento menor do que 3% ao ano.

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