14 dezembro 2005

 

A infâmia em defesa da política monetária
J. Carlos de Assis
14/12/2005

No país surrealista em que vivemos, a idéia de que é a taxa mais baixa de juros do BNDES que pressiona o Banco Central a elevar as suas, conforme o raciocínio de "Veja", paira naquela zona cinzenta entre a imbecilidade econômica e a má fé. A rigor, não é muito diferente da fábula do lobo e do cordeiro, no sentido de que a taxa baixa do BNDES pressiona tanto a taxa mais alta do over como o cordeiro, bebendo água num ponto abaixo da correnteza, suja a água do lobo um trecho acima. É isso, contudo, que se apresenta aos leitores da revista como um axioma econômico.

Quando se soma a isso o superávit primário, estamos diante da maior máquina de transferência de renda jamais inventada na histórica do capitalismo. Tira-se dos pobres sob a forma de impostos para dar aos ricos sob a forma de juros. Em três anos, foram 420 bilhões de reais. Só este ano, serão mais de 150 bilhões. Tudo isso sem gerar um único emprego. Não obstante, "Veja" acha que é pouco. Quer que o sistema produtivo pague mais juros. Dá total cobertura a Palocci e Meirelles. Para suavizar o custo da sua dívida externa, quer simplesmente continuar enterrando as perspectivas de retomada do Brasil.

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