22 dezembro 2005
O caracol, sua concha e o Taboão
Ricardo Antunes
22/12/2005
Como os capitais globais não podem eliminar totalmente a força humana viva que trabalha, há, então, um movimento pendular que modula a classe trabalhadora hoje: por um lado, cada vez menos homens e mulheres trabalham muito, em ritmo e intensidade que se assemelham à fase pretérita do capitalismo da era da Revolução Industrial, configurando uma redução do trabalho estável que, entretanto, não elimina o traço de perenidade do trabalho, que se amplia, quer pela crescente precarização do trabalho, quer pela apropriação crescente da dimensão cognitiva do trabalho.
Contrariamente, entretanto, às teses que advogam o fim do trabalho, estamos desafiados a compreender o que venho denominando como ''a nova polissemia do trabalho'', a sua nova morfologia [...]
Nova morfologia que compreende desde o operariado industrial e rural, passando pelos assalariados de serviços, pelos novos contingentes de terceirizados, subcontratados, temporários, pelas trabalhadoras de telemarketing e call center, pelos motoboys que morrem nas ruas e avenidas, pelos digitalizadores que laboram (e se lesionam) nos bancos, pelos assalariados do fast food, pelos trabalhadores dos hipermercados etc.
Sabemos que na gênese do capitalismo a classe trabalhadora fora dissociada de seus meios de produção, quebrando a indissolúvel unidade existente entre ''o caracol e sua concha''. O que nos obriga a indicar um desafio candente da sociedade contemporânea: urge recuperar, em bases inteiramente novas, a identidade inseparável entre o caracol e sua concha. Em pleno século 21.
Ricardo Antunes
22/12/2005
Como os capitais globais não podem eliminar totalmente a força humana viva que trabalha, há, então, um movimento pendular que modula a classe trabalhadora hoje: por um lado, cada vez menos homens e mulheres trabalham muito, em ritmo e intensidade que se assemelham à fase pretérita do capitalismo da era da Revolução Industrial, configurando uma redução do trabalho estável que, entretanto, não elimina o traço de perenidade do trabalho, que se amplia, quer pela crescente precarização do trabalho, quer pela apropriação crescente da dimensão cognitiva do trabalho.
Contrariamente, entretanto, às teses que advogam o fim do trabalho, estamos desafiados a compreender o que venho denominando como ''a nova polissemia do trabalho'', a sua nova morfologia [...]
Nova morfologia que compreende desde o operariado industrial e rural, passando pelos assalariados de serviços, pelos novos contingentes de terceirizados, subcontratados, temporários, pelas trabalhadoras de telemarketing e call center, pelos motoboys que morrem nas ruas e avenidas, pelos digitalizadores que laboram (e se lesionam) nos bancos, pelos assalariados do fast food, pelos trabalhadores dos hipermercados etc.
Sabemos que na gênese do capitalismo a classe trabalhadora fora dissociada de seus meios de produção, quebrando a indissolúvel unidade existente entre ''o caracol e sua concha''. O que nos obriga a indicar um desafio candente da sociedade contemporânea: urge recuperar, em bases inteiramente novas, a identidade inseparável entre o caracol e sua concha. Em pleno século 21.