05 dezembro 2005

 

O PSDB e a política monetária
Luiz Carlos Bresser-Pereira
05/12/2005

A doença macroeconômica no Brasil, entre 1980 e 1994, foi a inflação; a partir de então, é a alta taxa de juros. É ela que debilita as finanças do Estado, transfere cerca de 8% do PIB dos pobres para os ricos, obstaculiza os investimentos, pressiona a taxa de câmbio (o preço do dólar) para baixo, promovendo mais cedo ou mais tarde crise de balanço de pagamentos, e mantém a economia semi-estagnada.

Afinal, essa política visa apenas gerar juros para rentistas e câmbio valorizado para empresas multinacionais enviarem lucros para o exterior.

Entretanto, uma estratégia competentemente definida de redução da taxa de juros apresenta riscos modestos, muito menores do que os envolvidos em mantê-la. Essa estratégia certamente exigirá o aprofundamento do ajuste fiscal, mas esse ajuste não será, como se alega, para baixar a taxa de juros em um futuro longínquo nem, como na verdade é, para manter a relação dívida/PIB constante e os credores sossegados, mas para efetivamente reduzir a taxa básica do Banco Central. E não se falará em, "primeiro", fazer o ajuste para depois baixar os juros: as duas medidas, às quais necessariamente se somarão mudanças institucionais relacionadas com a política monetária e de indexação de preços públicos, deverão ser implementadas ao mesmo tempo.


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