21 dezembro 2005
Quem manda no governo?
Mauro Santayana
21/12/2005
Sem a grandeza épica das guerras sertanejas, a reunião ministerial de segunda-feira faz lembrar um dos pontos altos da literatura de Guimarães Rosa, quando Riobaldo toma de Zé Bebelo o comando do grupo de guerreiros. Ao identificar a indecisão do chefe, Riobaldo pergunta, com a ingenuidade do astuto: "Quem manda aqui?" A diferença é que, na ficção, há um desfecho, e da reunião ministerial não houve rumo nítido.
Furlan acolheu, em sua crítica, a inquietação dos industriais brasileiros, que se reúnem na Fiesp e na CNI. Como ministro da Fazenda, leigo no assunto e cumpridor das normas do Banco Central, Palocci falou em nome da até agora invencível Febraban.
O Brasil está diante dos dois como o bando de combatentes se encontrava nos inóspitos chapadões do noroeste de Minas. Na imaginação de Rosa, optaram pela ousadia de Riobaldo, levando Zé Bebelo a abandonar a disputa. É chegada a hora de o país escolher entre o Banco Central e a República. Não podem os bancos continuar ditando a vida política nacional, mediante controle monetário a seu serviço e em benefício dos que só vivem de juros, e não trabalham.
É chegada a hora de uma administração realmente política colocá-lo a serviço da República.
Mauro Santayana
21/12/2005
Sem a grandeza épica das guerras sertanejas, a reunião ministerial de segunda-feira faz lembrar um dos pontos altos da literatura de Guimarães Rosa, quando Riobaldo toma de Zé Bebelo o comando do grupo de guerreiros. Ao identificar a indecisão do chefe, Riobaldo pergunta, com a ingenuidade do astuto: "Quem manda aqui?" A diferença é que, na ficção, há um desfecho, e da reunião ministerial não houve rumo nítido.
Furlan acolheu, em sua crítica, a inquietação dos industriais brasileiros, que se reúnem na Fiesp e na CNI. Como ministro da Fazenda, leigo no assunto e cumpridor das normas do Banco Central, Palocci falou em nome da até agora invencível Febraban.
O Brasil está diante dos dois como o bando de combatentes se encontrava nos inóspitos chapadões do noroeste de Minas. Na imaginação de Rosa, optaram pela ousadia de Riobaldo, levando Zé Bebelo a abandonar a disputa. É chegada a hora de o país escolher entre o Banco Central e a República. Não podem os bancos continuar ditando a vida política nacional, mediante controle monetário a seu serviço e em benefício dos que só vivem de juros, e não trabalham.
É chegada a hora de uma administração realmente política colocá-lo a serviço da República.