18 janeiro 2006
A implosão necessária
Mauro Santayna
18/01/2006
O capitalismo moderno (exacerbado com o neoliberalismo) pretendia ser o contraponto do sonho socialista, mas ambos - conforme assinalou, há 35 anos, François Perroux, em uma de suas obras mais importantes (Aliénation et societé industriele) - tinham o mesmo problema, o de não entender que a economia deve ser subordinada à política. É preciso ver, na sociedade, as relações entre os seres humanos e não entre os seres humanos e a mercadoria (e sua equivalência, o dinheiro).
É preciso reinventar tudo, da economia ao Estado, e, para isso, faz falta implodir o castelo de cartões de crédito em que se equilibra a sociedade contemporânea. Enquanto a nova corrupção norte-americana e européia não encontrar as suas CPIs, este ano poderá ser o da grande implosão no Brasil. Implosão dos partidos políticos, anêmicos de idéias e grávidos de estupros infecciosos; implosão do sistema fiscal e tributário concentrador; implosão da centralização política em Brasília, em agressão direta ao pacto federativo; implosão do sistema bancário, cujos lucros, adubados pelas taxas de juros do Banco Central, crescem a cada trimestre como metástases cancerosas no organismo nacional. Toda essa demolição pode iniciar-se com a nova CPI, se os seus membros tiverem consciência de sua responsabilidade histórica.
Mauro Santayna
18/01/2006
O capitalismo moderno (exacerbado com o neoliberalismo) pretendia ser o contraponto do sonho socialista, mas ambos - conforme assinalou, há 35 anos, François Perroux, em uma de suas obras mais importantes (Aliénation et societé industriele) - tinham o mesmo problema, o de não entender que a economia deve ser subordinada à política. É preciso ver, na sociedade, as relações entre os seres humanos e não entre os seres humanos e a mercadoria (e sua equivalência, o dinheiro).
É preciso reinventar tudo, da economia ao Estado, e, para isso, faz falta implodir o castelo de cartões de crédito em que se equilibra a sociedade contemporânea. Enquanto a nova corrupção norte-americana e européia não encontrar as suas CPIs, este ano poderá ser o da grande implosão no Brasil. Implosão dos partidos políticos, anêmicos de idéias e grávidos de estupros infecciosos; implosão do sistema fiscal e tributário concentrador; implosão da centralização política em Brasília, em agressão direta ao pacto federativo; implosão do sistema bancário, cujos lucros, adubados pelas taxas de juros do Banco Central, crescem a cada trimestre como metástases cancerosas no organismo nacional. Toda essa demolição pode iniciar-se com a nova CPI, se os seus membros tiverem consciência de sua responsabilidade histórica.