08 fevereiro 2006
A eugenia do câmbio
Luis Nassif
08/02/2006
Em julho de 1994, quando ocorreu a apreciação de 15% no real, da noite para o dia, os economistas do governo sustentavam que a abertura para as importações traria o câmbio de volta para o equilíbrio.
Numa típica forçada de barra cabeça de planilha, derrubaram as tarifas de importação, permitiram até importações pelos Correios. A idéia não era a de que o crescimento das importações fosse resultado de um novo equilíbrio, proveniente do crescimento econômico, mas de uma operação a fórceps, que alterou radicalmente o ponto de equilíbrio anterior da economia.
O único resultado foi o morticínio das empresas domésticas, um enorme déficit comercial sem que o real se desvalorizasse.
Agora, confiram-se de novo todas as declarações de Gustavo Franco, Edmar Bacha e companhia: a saída contra a "doença holandesa" é a abertura indiscriminada às importações. O que os gênios propõem? Escancarar novamente o país às importações, para reduzir o superávit comercial e permitir alguma depreciação do real. É evidente que, ao sugerir essa medida, idêntica à que foi apresentada como tábua de salvação em 1994, o que se tem em mente não é o reequilíbrio do câmbio.
Para que se quer um câmbio mais competitivo? Para impedir a devastação do parque manufatureiro brasileiro, e não meramente para reduzir o superávit comercial. Redução de superávit comercial é meio; preservação do parque industrial brasileiro é fim.Agora, no ponto menos competitivo do câmbio, a proposta é abrir as comportas e permitir a invasão de importados. Conseqüência: resolve-se a questão dos meios (reduzindo o superávit comercial) à custa do fim (arrasando o parque manufatureiro brasileiro).
Luis Nassif
08/02/2006
Em julho de 1994, quando ocorreu a apreciação de 15% no real, da noite para o dia, os economistas do governo sustentavam que a abertura para as importações traria o câmbio de volta para o equilíbrio.
Numa típica forçada de barra cabeça de planilha, derrubaram as tarifas de importação, permitiram até importações pelos Correios. A idéia não era a de que o crescimento das importações fosse resultado de um novo equilíbrio, proveniente do crescimento econômico, mas de uma operação a fórceps, que alterou radicalmente o ponto de equilíbrio anterior da economia.
O único resultado foi o morticínio das empresas domésticas, um enorme déficit comercial sem que o real se desvalorizasse.
Agora, confiram-se de novo todas as declarações de Gustavo Franco, Edmar Bacha e companhia: a saída contra a "doença holandesa" é a abertura indiscriminada às importações. O que os gênios propõem? Escancarar novamente o país às importações, para reduzir o superávit comercial e permitir alguma depreciação do real. É evidente que, ao sugerir essa medida, idêntica à que foi apresentada como tábua de salvação em 1994, o que se tem em mente não é o reequilíbrio do câmbio.
Para que se quer um câmbio mais competitivo? Para impedir a devastação do parque manufatureiro brasileiro, e não meramente para reduzir o superávit comercial. Redução de superávit comercial é meio; preservação do parque industrial brasileiro é fim.Agora, no ponto menos competitivo do câmbio, a proposta é abrir as comportas e permitir a invasão de importados. Conseqüência: resolve-se a questão dos meios (reduzindo o superávit comercial) à custa do fim (arrasando o parque manufatureiro brasileiro).