01 março 2006

Elio Gaspari
01/03/2006
A estagnação econômica do Brasil é suprapartidária, produto de uma ekipekonômica que muda de cara sem mudar de idéia e de governantes que mudam de idéia sem mudar de cara. Em maio de 2003 Lula prometeu o "espetáculo do crescimento" . Em março de 2000, FFHH prometera que "daqui por diante é desenvolvimento, bem-estar e prosperidade". Eram apenas animadores políticos. Têm hábitos diferentes, mas são a mesma coisa. Petistas que praguejaram contra FFHH e tucanos que praguejam contra Lula estão iludidos ou querem iludir os outros. Trabalham pelo predomínio da banca sobre a fábrica.
O crescimento médio da economia nos três anos de Lula foi de 2,6%. É semelhante aos 2,3% dos oito anos de FFHH. A estagnação brasileira perdeu dois bondes de prosperidade mundial, mas pagou o preço de duas crises. Durante 11 anos do mandarinato da ekipekonômica, os postos de trabalho, a renda e os direitos dos trabalhadores brasileiros foram sistematicamente corroídos. Até os patrões perderam. Na Grande São Paulo um empregador levava R$ 4.514 mensais para casa em 1995. Ao final do ano passado levava R$ 2.723. Indo ao outro extremo, o assalariado autônomo que presta serviços a uma empresa, entrou no jogo com uma renda média de R$ 1.644 e está com R$ 845, pouco mais que a metade.