23 março 2006
Juros, inflação e dívida pública
J. Carlos de Assis
23/03/2006
Existe uma idéia disseminada de que as taxas de juros básicas são altas porque este é o custo que os bancos impõem para financiar a dívida pública. É um fetiche. A taxa de juros básicas é alta porque assim determina o Banco Central, que faz reuniões regulares para fixá-la. Entretanto, pouca gente no mercado financeiro está disposta a acabar com essa empulhação. Para o “sistema”, é mais conveniente culpar o mercado que o Banco Central pelas taxas altas. O mercado é impessoal, enquanto o Banco Central tem carne e osso.
Voltemos, porém, ao ponto inicial. Se a taxa de juros sobe e desce ao arbítrio do Banco Central, ela determina o aumento da dívida pública, e não o contrário. Aliás, isso é óbvio. Depois do Plano Collor a dívida, por força do congelamento de ativos, havia caído pra 12% do PIB. Com o início da escalada de taxa de juros determinada pelo então ministro Marcílio Marques Moreira, a dívida cresce acentuadamente. No início do Governo FHC já estava em 30% do PIB. No fim, continuando a escalada dos juros, em quase 60%.
Hoje, a dívida mobiliária pública está em torno de um trilhão de reais. Os que acham que a taxa de juros que a remunera está num patamar elevado porque é o que o mercado exige para financiá-la simplesmente não sabem como funciona o mercado monetário. O grosso dessa dívida é financiado por saldos de caixa de grandes empresas e reservas bancárias. Eles não teriam onde pôr o dinheiro se a taxa caísse substancialmente. Afinal de contas, trata-se de aplicação à vista, moeda remunerada. Acaso o mercado privado seria uma alternativa melhor?
J. Carlos de Assis
23/03/2006
Existe uma idéia disseminada de que as taxas de juros básicas são altas porque este é o custo que os bancos impõem para financiar a dívida pública. É um fetiche. A taxa de juros básicas é alta porque assim determina o Banco Central, que faz reuniões regulares para fixá-la. Entretanto, pouca gente no mercado financeiro está disposta a acabar com essa empulhação. Para o “sistema”, é mais conveniente culpar o mercado que o Banco Central pelas taxas altas. O mercado é impessoal, enquanto o Banco Central tem carne e osso.
Voltemos, porém, ao ponto inicial. Se a taxa de juros sobe e desce ao arbítrio do Banco Central, ela determina o aumento da dívida pública, e não o contrário. Aliás, isso é óbvio. Depois do Plano Collor a dívida, por força do congelamento de ativos, havia caído pra 12% do PIB. Com o início da escalada de taxa de juros determinada pelo então ministro Marcílio Marques Moreira, a dívida cresce acentuadamente. No início do Governo FHC já estava em 30% do PIB. No fim, continuando a escalada dos juros, em quase 60%.
Hoje, a dívida mobiliária pública está em torno de um trilhão de reais. Os que acham que a taxa de juros que a remunera está num patamar elevado porque é o que o mercado exige para financiá-la simplesmente não sabem como funciona o mercado monetário. O grosso dessa dívida é financiado por saldos de caixa de grandes empresas e reservas bancárias. Eles não teriam onde pôr o dinheiro se a taxa caísse substancialmente. Afinal de contas, trata-se de aplicação à vista, moeda remunerada. Acaso o mercado privado seria uma alternativa melhor?