07 março 2006

 

Marco Aurélio Garcia
"No olho do furacão: militantes de esquerda discutem a crise política brasileira”

Hilary Wainwright e Sue Branford

“O equilíbrio fiscal, em princípio, não é um mal. Apenas se converte em algo ruim quando se transforma no principal objetivo do governo. Iniciou-se um debate no governo e, inclusive, no partido sobre a natureza do período que ia se abrir. Minha opinião, igual à de muitos outros no governo, era de que este deveria ser um período de transição. Mas não dispúnhamos das informações necessárias para saber quanto tempo duraria essa transição. Propúnhamos que deveríamos fazer deste período uma transição até um modelo de desenvolvimento acelerado, baseado na distribuição de renda.”

“Na medida em que este período se alargava, deixou-se de intentar explicar que era somente um período de transição. Ao contrário, a equipe econômica se expressou em termos conservadores e impôs as políticas conservadoras... As pessoas que tomam as decisões do dia-a-dia sobre as questões econômicas são quase exclusivamente conservadoras. Elas têm vínculos históricos com os círculos financeiros, com o aparato econômico dos governos anteriores. Poucos economistas de esquerda entraram no governo, de modo que era difícil gerar essa pressão dentro do governo”.

“O grande problema é que o partido foi incapaz de manter uma atitude correta e crítica diante do seu governo. A crítica não é necessariamente de oposição, mas sim uma postura de crítica construtiva. Assim, o partido, em lugar de exercer uma pressão política sobre o governo, converteu-se numa correia de transmissão do governo”.


“Ele [o PT] se afastou dos movimentos sociais. Isto não ocorreu porque ele se burocratizou. Ao contrário, ele se burocratizou porque se alijou dos movimentos sociais.”

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