10 março 2006
Uma lição a aprender
Luiz Carlos Mendonça de Barros
10/03/2006
Essa nova situação de crescimento econômico mundial acelerado com inflação baixa mudou a cara da nossa economia. Em um primeiro momento, pelo crescimento vigoroso de nossas exportações; depois, pela redução do chamado risco Brasil, que ocorreu de forma concomitante com o alongamento dos prazos das operações de crédito no mercado interno. Por exemplo, pela primeira vez na nossa história o consumidor pode comprar um carro e pagar em 72 prestações fixas.
Mas essa lufada de vento externo tem sido muito mal utilizada, porque mal compreendida, pelo governo Lula. Para usar uma linguagem náutica, a equipe econômica, em vez de ajustar as velas no barco Brasil para ganhar velocidade com esses novos ventos, decidiu posicioná-las de modo a manter a baixa velocidade dos últimos 12 anos. Os timoneiros do Copom olharam para trás, anularam os efeitos do vento externo e mantiveram a economia crescendo na mesma velocidade de antes. O restante do governo tampouco serviu de bússola, pois operou a política fiscal e as iniciativas regulatórias no mercado creditício de forma inconsistente com o que deveria ser o objetivo principal: acabar com a anomalia que são os juros reais de 10% ao ano.
Há a falsa impressão de austeridade fiscal a partir de um superávit primário elevado obtido pelo aumento de impostos, que, no entanto, não é suficiente para pagar as crescentes despesas de juros. Estamos, mais uma vez, usando o estímulo externo para financiar o consumo em detrimento dos investimentos.
Luiz Carlos Mendonça de Barros
10/03/2006
Essa nova situação de crescimento econômico mundial acelerado com inflação baixa mudou a cara da nossa economia. Em um primeiro momento, pelo crescimento vigoroso de nossas exportações; depois, pela redução do chamado risco Brasil, que ocorreu de forma concomitante com o alongamento dos prazos das operações de crédito no mercado interno. Por exemplo, pela primeira vez na nossa história o consumidor pode comprar um carro e pagar em 72 prestações fixas.
Mas essa lufada de vento externo tem sido muito mal utilizada, porque mal compreendida, pelo governo Lula. Para usar uma linguagem náutica, a equipe econômica, em vez de ajustar as velas no barco Brasil para ganhar velocidade com esses novos ventos, decidiu posicioná-las de modo a manter a baixa velocidade dos últimos 12 anos. Os timoneiros do Copom olharam para trás, anularam os efeitos do vento externo e mantiveram a economia crescendo na mesma velocidade de antes. O restante do governo tampouco serviu de bússola, pois operou a política fiscal e as iniciativas regulatórias no mercado creditício de forma inconsistente com o que deveria ser o objetivo principal: acabar com a anomalia que são os juros reais de 10% ao ano.
Há a falsa impressão de austeridade fiscal a partir de um superávit primário elevado obtido pelo aumento de impostos, que, no entanto, não é suficiente para pagar as crescentes despesas de juros. Estamos, mais uma vez, usando o estímulo externo para financiar o consumo em detrimento dos investimentos.