19 abril 2006

 

O "príncipe" e o marmiteiro
Luís Nassif
16/04/2006

Cá para nós, o deslumbramento sempre foi uma marca dos paulistas no poder.

José Sarney não se deslumbrou: era consciente de suas fraquezas e tinha uma objetividade de coronel nordestino polido para defender seus interesses. Fernando Collor era um alucinado. Nem pode dizer que se deslumbrou porque acreditava piamente ter superpoderes.

Itamar, não. Era um provinciano que não se envergonhava de sua condição -e isso lhe conferia até certa grandeza. Aliás, sentia-se tão desconfortável sob a capa de presidente que, certa vez, consegui uma posição dele sobre uma questão polêmica telefonando para o assessor Francisco Baker e solicitando a opinião "não do presidente Itamar, mas do cidadão Itamar Franco" sobre a questão. O cidadão respondeu na hora.

Em FHC sempre habitaram o inteligente e o vaidoso. E, do embate entre ambos, o inteligente só emergia em momentos de crise braba. No restante do tempo, primeiro mandato inteiro, o vaidoso convocava velhas testemunhas da história e indagava: "Jorge, quem foi o maior: Juscelino ou eu?". E o Jorge respondia: "É claro que você, Fernando".

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