19 abril 2006

 


"Varig, Varig, ... Gate"
Rodrigo Della Pasqua Marocco
19/04/2006

Mais graves são os contornos políticos suspeitíssimos do caso. Como se sabe, os credores da Varig -trabalhadores (52%), empresas do governo (18%), arrendadores de aviões e turbinas (20%) e outros (10%)- aprovaram um plano de recuperação judicial para a empresa em 19 de dezembro último.

Antes que o gestor interino do plano pudesse respirar duas vezes, uma estatal, BR Distribuidora -credora pequena, mas fornecedora fundamental-, sacou cerca de US$ 30 milhões do caixa da Varig, ao cortar-lhe seu contrato rotativo de crédito para pagamento de combustível. Isso aconteceu em 13 de janeiro, a menos de 30 dias da aprovação do plano, que ela mesma, BR, havia apoiado. Ali começaram as penúrias da Varig pós-plano.

A leitura é clara: o governo não quer a Varig viva. Como afirmou o presidente Lula, logo após haver esnobado a presença de centenas de Variguianos clamando por equilíbrio e justiça (não por dinheiro público) à porta do seu palácio em Brasília. Ele disse: "Não cabe ao governo salvar empresa falida". Mas a Varig ainda estava e está em processo de recuperação. Pelo menos até que o governo, desrespeitando um plano privado de credores, começou a antecipar sua falência.

De fato, dos R$ 8 bilhões devidos pela Varig aos credores e ao fisco, ela contrapõe R$ 4,5 bilhões de créditos julgados contra o governo federal, mais R$ 1 bilhão contra diversos Estados. Só com o saldo credor da Varig retido por Brasília já seria possível zerar o rombo do fundo de pensão Aerus.

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