07 maio 2006
A Petrobras brinca de rainha Victoria
Elio Gaspari
07/05/2006
Entre 1864 e 1871, a Bolívia foi governada pelo general Mariano Melgarejo, uma espécie de sósia de Evo Morales, de cabeça para baixo. O general era careca e tinha uma vasta barba. O embaixador inglês em La Paz desgostou o presidente. Pode ter sido porque se recusou a beijar o traseiro da amante do general ou porque não quis apresentar credenciais a uma mula. Melgarejo mandou que tirassem a roupa do inglês e o colocassem na sela de um burrico, para divertimento dos bolivianos.
Esse é o lado latino-americano da história. Agora, o europeu:
Quando a humilhação imposta ao diplomata chegou ao conhecimento da rainha Victoria, ela determinou ao primeiro-ministro Palmerston que bombardeasse La Paz. Veio a informação de que, encarapitada na cordilheira, a Bolívia estava fora do alcance das canhoneiras inglesas. Victoria pediu que trouxessem um mapa. Quando mostraram-lhe onde ficava o país, ela riscou o mapa com um golpe de pena e anunciou: "A Bolívia não existe mais".
Toda bravata boliviana ecoa o general Melgarejo, mas as respostas arrogantes da Petrobras ecoam a pretensão da rainha Victoria.
Elio Gaspari
07/05/2006
Entre 1864 e 1871, a Bolívia foi governada pelo general Mariano Melgarejo, uma espécie de sósia de Evo Morales, de cabeça para baixo. O general era careca e tinha uma vasta barba. O embaixador inglês em La Paz desgostou o presidente. Pode ter sido porque se recusou a beijar o traseiro da amante do general ou porque não quis apresentar credenciais a uma mula. Melgarejo mandou que tirassem a roupa do inglês e o colocassem na sela de um burrico, para divertimento dos bolivianos.
Esse é o lado latino-americano da história. Agora, o europeu:
Quando a humilhação imposta ao diplomata chegou ao conhecimento da rainha Victoria, ela determinou ao primeiro-ministro Palmerston que bombardeasse La Paz. Veio a informação de que, encarapitada na cordilheira, a Bolívia estava fora do alcance das canhoneiras inglesas. Victoria pediu que trouxessem um mapa. Quando mostraram-lhe onde ficava o país, ela riscou o mapa com um golpe de pena e anunciou: "A Bolívia não existe mais".
Toda bravata boliviana ecoa o general Melgarejo, mas as respostas arrogantes da Petrobras ecoam a pretensão da rainha Victoria.