22 junho 2006
Argumentos falaciosos justificam melhoria na distribuição de renda
Correio da Cidadania
17/06/2006
A melhoria na distribuição da renda nacional nos últimos dez anos parece ser o novo argumento arregimentador das mais diversas consciências, na tentativa de dar credibilidade e legitimar a política econômica posta em prática nos últimos anos, especialmente nos governos FHC e Lula.
“Uma mentira repetida sistematicamente adquire foros de verdade”: é assim que o economista Guilherme Delgado se refere à nova onda supostamente legitimadora do modelo neoliberal no Brasil. Segundo Delgado, a informação isolada sobre o perfil da renda pessoal da PNAD(Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), sem a devida qualificação do seu peso e composição, pode levar à conclusão equivocada de que a desigualdade está sendo revertida e que a causa dessa reversão é a ação política do governo atual – sendo o Programa Bolsa Família obviamente apresentado como uma dessas ações. Uma análise mais aprofundada revela, no entanto, que, além de a renda familiar no conceito PNAD ser equivalente a cerca de somente 31% da renda interna, ela cai como proporção desta, de 34% para 31%, entre 1999 a 2003. Nesse mesmo período, são os rendimentos oriundos dos direitos sociais da Previdência e da assistência social, que são incorporados à renda das famílias, que compensam a forte queda da renda do trabalho (salários e ordenados). Por outro lado, ao se tomar a distribuição funcional da renda entre salários e ordenados pagos e os lucros brutos, ela cai sistematicamente no período – de 68% em 1999 para 59,8% em 2003.
A conclusão inequívoca é que a pequena melhoria na distribuição pessoal da renda esteve intrinsecamente associada aos direitos sociais básicos da seguridade social, que são, paradoxalmente, a bola da vez para a reforma da Previdência agendada para 2007, qualquer que seja o presidente eleito.
Correio da Cidadania
17/06/2006
A melhoria na distribuição da renda nacional nos últimos dez anos parece ser o novo argumento arregimentador das mais diversas consciências, na tentativa de dar credibilidade e legitimar a política econômica posta em prática nos últimos anos, especialmente nos governos FHC e Lula.
“Uma mentira repetida sistematicamente adquire foros de verdade”: é assim que o economista Guilherme Delgado se refere à nova onda supostamente legitimadora do modelo neoliberal no Brasil. Segundo Delgado, a informação isolada sobre o perfil da renda pessoal da PNAD(Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), sem a devida qualificação do seu peso e composição, pode levar à conclusão equivocada de que a desigualdade está sendo revertida e que a causa dessa reversão é a ação política do governo atual – sendo o Programa Bolsa Família obviamente apresentado como uma dessas ações. Uma análise mais aprofundada revela, no entanto, que, além de a renda familiar no conceito PNAD ser equivalente a cerca de somente 31% da renda interna, ela cai como proporção desta, de 34% para 31%, entre 1999 a 2003. Nesse mesmo período, são os rendimentos oriundos dos direitos sociais da Previdência e da assistência social, que são incorporados à renda das famílias, que compensam a forte queda da renda do trabalho (salários e ordenados). Por outro lado, ao se tomar a distribuição funcional da renda entre salários e ordenados pagos e os lucros brutos, ela cai sistematicamente no período – de 68% em 1999 para 59,8% em 2003.
A conclusão inequívoca é que a pequena melhoria na distribuição pessoal da renda esteve intrinsecamente associada aos direitos sociais básicos da seguridade social, que são, paradoxalmente, a bola da vez para a reforma da Previdência agendada para 2007, qualquer que seja o presidente eleito.