06 junho 2006
O nó do fluxo cambial
Luís Nassif
06/06/2006
O ingresso do fluxo financeiro de dólares provoca diversos efeitos deletérios. Ao aumentar a taxa de juros, para criar o diferencial necessário para atrair os dólares, ampliam-se as dívidas pública e externa. O processo só seria sustentável se, ao aumento da dívida, correspondesse o aumento do investimento em setores com potencial de exportação. O segundo efeito é o da apreciação da moeda nacional ou a sua sustentação a um custo fiscal pesado.
Como se pode pretender esticar o prazo da dívida e reduzir as taxas de juros, amarrando-a ao mais volátil dos ativos: os dólares que ingressam na economia brasileira? A mera saída de parte dos dólares chacoalha o câmbio, impactando a rentabilidade de toda a carteira de investimentos externos.
O curioso é que, em 1994, nas comemorações dos dez anos do Plano Real, o economista Edmar Bacha publicou um trabalho sustentando (com atraso de dez anos!) que abrir a economia para fluxo de capitais não era garantia de aumento da taxa de investimento. De lá para cá, todos os pretextos foram utilizados para manter esse fluxo volátil. Certamente nem Luiz Inácio Lula da Silva nem Geraldo Alckmin têm envergadura para romper com esse nó.
Luís Nassif
06/06/2006
O ingresso do fluxo financeiro de dólares provoca diversos efeitos deletérios. Ao aumentar a taxa de juros, para criar o diferencial necessário para atrair os dólares, ampliam-se as dívidas pública e externa. O processo só seria sustentável se, ao aumento da dívida, correspondesse o aumento do investimento em setores com potencial de exportação. O segundo efeito é o da apreciação da moeda nacional ou a sua sustentação a um custo fiscal pesado.
Como se pode pretender esticar o prazo da dívida e reduzir as taxas de juros, amarrando-a ao mais volátil dos ativos: os dólares que ingressam na economia brasileira? A mera saída de parte dos dólares chacoalha o câmbio, impactando a rentabilidade de toda a carteira de investimentos externos.
O curioso é que, em 1994, nas comemorações dos dez anos do Plano Real, o economista Edmar Bacha publicou um trabalho sustentando (com atraso de dez anos!) que abrir a economia para fluxo de capitais não era garantia de aumento da taxa de investimento. De lá para cá, todos os pretextos foram utilizados para manter esse fluxo volátil. Certamente nem Luiz Inácio Lula da Silva nem Geraldo Alckmin têm envergadura para romper com esse nó.