15 junho 2006
PT e PSDB: um mutualismo
Reinaldo Azevedo
A política brasileira hoje é presa de uma bipolaridade que acaba resultando benéfica para o PT. Não fosse pela rede que o partido mantém, que domina várias esferas do Estado e organismos da chamada sociedade civil, criou-se um mutualismo indesejável entre tucanos e petistas. Os primeiros seriam mais técnicos, capazes, dotados de maior destreza no trato da coisa pública, mas um tanto destituídos de coração e de sentimentos de afeto e amizade pelo povo, supostamente tratado como um dado da equação das políticas públicas.
Acho difícil que esse equilíbrio — em que as oposições fazem o papel de ombudsman do governo — seja rompido até outubro. E, até onde noto, falta clareza para que tal rompimento venha a ser operado mesmo mais adiante. Afinal de contas, o que o PSDB e o PFL querem? Além de se julgarem mais competentes — e, creio, são mesmo — do que o PT para governar, qual é a sua metafísica?
Até que isso não seja descoberto, ficarão longe do poder. Terão de se contentar com o papel de grilos falantes do petismo, a exemplo do que fez o PSDB no depoimento que Henrique Meirelles deu no Senado. Era difícil saber quem, ali, afinal de contas, defendia com mais ênfase a política econômica. Para convencer alguém a mudar de rumo, é conveniente saber aonde se quer chegar. Até Moisés foi contestado na sua grande marcha. E olhem que ele já tinha até aberto o mar Vermelho...
Reinaldo Azevedo
A política brasileira hoje é presa de uma bipolaridade que acaba resultando benéfica para o PT. Não fosse pela rede que o partido mantém, que domina várias esferas do Estado e organismos da chamada sociedade civil, criou-se um mutualismo indesejável entre tucanos e petistas. Os primeiros seriam mais técnicos, capazes, dotados de maior destreza no trato da coisa pública, mas um tanto destituídos de coração e de sentimentos de afeto e amizade pelo povo, supostamente tratado como um dado da equação das políticas públicas.
Acho difícil que esse equilíbrio — em que as oposições fazem o papel de ombudsman do governo — seja rompido até outubro. E, até onde noto, falta clareza para que tal rompimento venha a ser operado mesmo mais adiante. Afinal de contas, o que o PSDB e o PFL querem? Além de se julgarem mais competentes — e, creio, são mesmo — do que o PT para governar, qual é a sua metafísica?
Até que isso não seja descoberto, ficarão longe do poder. Terão de se contentar com o papel de grilos falantes do petismo, a exemplo do que fez o PSDB no depoimento que Henrique Meirelles deu no Senado. Era difícil saber quem, ali, afinal de contas, defendia com mais ênfase a política econômica. Para convencer alguém a mudar de rumo, é conveniente saber aonde se quer chegar. Até Moisés foi contestado na sua grande marcha. E olhem que ele já tinha até aberto o mar Vermelho...