16 junho 2006

 

Três lições básicas de economia política (1)
J. Carlos de Assis

Os dirigentes do Banco Central, prisioneiros da chantagem fiscal-monetária, acham que a taxa de juros simplesmente não pode ser reduzida abaixo da expectativa dos agiotas do “mercado” porque haverá uma fuga em massa de recursos para o exterior. De fato, à primeira vista, haveria um risco. Esse um trilhão de reais não é realmente poupança. São recursos oriundos das reservas bancárias das instituições financeiras e dos saldos de caixa das grandes empresas, que não têm qualquer motivo para investi-los em razão da própria estagnação da economia e do consumo. Numa palavra, é conta corrente à vista.

Por ser dinheiro, e não poupança, esses recursos poderiam ser efetivamente sacados pelos bancos e pelas grandes empresas e, em tese, levados para o exterior. Mas a que taxa? Acaso se encontra lá fora, no over, rentabilidade que sequer se aproximada de um terço da que o Banco Central garante aqui? Há muitos furos na nossa legislação financeira, de forma que não haveria grande dificuldade para evasão de divisas. Acontece, porém, que a maior parte desses recursos é também para pagamento de despesas em real, aqui mesmo. Em suma, o BC dá uma rentabilidade exagerada ao trilhão do over porque quer, pois, mesmo que caia muito a taxa, ele não teria razão econômica para sair de lá.

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