16 junho 2006
Três lições básicas de economia política (2)
J. Carlos de Assis
Nos países sérios, o máximo que a política monetária garante no over é uma taxa nominal próxima da inflação. Neste caso, a taxa básica real seria próxima de zero. Em várias décadas no pós guerra, nos Estados Unidos, a taxa real foi de menos 2%. Isso não é nada demais. Afinal, aqueles que não são bancos nem estão com seus recursos aplicados a curtíssimo prazo pelos bancos sofrem a totalidade da inflação. Assim, para quem está aplicado no over, mesmo uma taxa negativa representa uma proteção, embora parcial, contra o processo inflacionário. Ou seja, continuam privilegiados.
Em termos brasileiros atuais, uma taxa básica de juros no over de 4,5% seria mais do que suficiente para estabilizar o mercado monetário, pois neutralizaria a inflação. Acima disso, é uma discriminação favorável aos muito ricos. O fato é que esses recursos, por obra do Banco Central, se transformam naquilo que a professora Maria da Conceição Tavares e eu chamamos de “moeda remunerada”, isto é, um ativo financeiro que rende juros mas não fica indisponibilizado na forma de empréstimo. É uma invenção tipicamente brasileira, de iniciativa de um Banco Central que alguns malucos julgam ser “ortodoxo”.
J. Carlos de Assis
Nos países sérios, o máximo que a política monetária garante no over é uma taxa nominal próxima da inflação. Neste caso, a taxa básica real seria próxima de zero. Em várias décadas no pós guerra, nos Estados Unidos, a taxa real foi de menos 2%. Isso não é nada demais. Afinal, aqueles que não são bancos nem estão com seus recursos aplicados a curtíssimo prazo pelos bancos sofrem a totalidade da inflação. Assim, para quem está aplicado no over, mesmo uma taxa negativa representa uma proteção, embora parcial, contra o processo inflacionário. Ou seja, continuam privilegiados.
Em termos brasileiros atuais, uma taxa básica de juros no over de 4,5% seria mais do que suficiente para estabilizar o mercado monetário, pois neutralizaria a inflação. Acima disso, é uma discriminação favorável aos muito ricos. O fato é que esses recursos, por obra do Banco Central, se transformam naquilo que a professora Maria da Conceição Tavares e eu chamamos de “moeda remunerada”, isto é, um ativo financeiro que rende juros mas não fica indisponibilizado na forma de empréstimo. É uma invenção tipicamente brasileira, de iniciativa de um Banco Central que alguns malucos julgam ser “ortodoxo”.