25 junho 2006

A Varig e a herança brasiliana
Luís Nassif
25/06/2006
Um dos clichês mais usados, nessa agonia da Varig, é que o governo não deve colocar dinheiro em empresa privada quebrada. Não se pensa na lógica econômica da operação, apenas no clichê, na visão católica do devedor, de que empresas em dificuldades são como pecadores impenitentes, que não merecem ser salvos.
Após o 11 de Setembro, as quatro maiores empresas aéreas americanas estiveram a pique de quebrar. A decisão foi rápida e cirúrgica. O Tesouro deu avais de US$ 2 bilhões, rapidamente aprovados pelo Congresso. Executivo e Legislativo correram o risco, porque estava em jogo o interesse nacional.
Na década de 80, impediu-se a quebra da Chrysler, terceira fabricante de veículos dos EUA. O Tesouro aprovou aval de US$ 7 bilhões, sem nenhuma contra-garantia. A Chrysler foi salva e dois anos e meio depois o aval ficou desnecessário.
O governo deveria estatizar temporariamente a Varig, com data para reestruturar e vender. Nenhum governo americano ou europeu deixou que fechasse sua principal companhia aérea. A Air France, a Alitalia, todas estiveram à beira da falência e foram recuperadas, porque sua recuperação estava dentro da lógica do interesse nacional.