07 julho 2006

 


Alckmin, Lula e as formigas da Guiana
Elio Gaspari
07/07/2006

Na noite em que chegou a 45 o número de policiais e agentes penitenciários assassinados em São Paulo em menos de dois meses, o candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, disse que enfrentará a crise da segurança criando um conselho. Mais um. Logo Alckmin, legatário do mingau em que se transformou a segurança dos agentes da ordem pública no Estado que governou por cinco anos. Para se ter uma idéia do que significam 45 mortos em 60 dias, em toda a década de 1920, quando o crime organizado parecia controlar Nova York, morreram 57 policiais. Número inédito, nunca igualado. (O "choque de gestão" de Alckmin arrisca derrubar essa marca antes de outubro.)

Outro dia o "Jornal Nacional" mostrou a família de um agente penitenciário abandonando uma casa pobre, de poucos móveis, porque a bandidagem deu-lhe um prazo, ao fim do qual iria matá-la. Causou a mesma perplexidade que a desclassificação da Arábia Saudita. Não ocorre ao andar de cima mobilizar-se para mostrar aos bandidos que nunca mais uma família de um agente da ordem será desestruturada por falta de apoio. De quem? Das guildas patronais que gastam os tubos em pesquisas eleitorais, dos bancos que fazem obras sociais nos espaços nobres da publicidade, dos magnatas que andam com o papagaio do Estado mínimo no ombro. Enfim, de quem achar que não lhe fica bem ajeitar o meião quando Zidane centra para Henry.


O que falta em matéria de segurança é raça. Alguém que diga: a família do agente penitenciário que foi obrigada a deixar sua casa recebeu um apartamento e nele viverá o tempo que for necessário. Mais: as famílias de servidores públicos mortos pelos bandidos terão suas dívidas imobiliárias quitadas e seus filhos receberão bolsas de estudo até o último ano do curso superior.

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