28 julho 2006

"La garantía soy yo"
Fernando Barros e Silva
28/07/2006
Ofuscada pelos sanguessugas, passou quase despercebida a fala do presidente na inauguração do seu comitê eleitoral, na última terça à noite, em Brasília. Em meia hora de discurso improvisado, Lula soltou diante de 2000 acólitos que o ouviam as seguintes confissões: "Banqueiro não tinha por que estar contra o governo, porque os bancos ganharam dinheiro". Em seguida: "As empresas brasileiras ganharam dinheiro como poucas vezes na história. Em 2004 foi a primeira vez que as maiores empresas ganharam mais que os bancos. Não tinham porque estar com tanta raiva e preconceito".
Mais revelador, porém, é o pressuposto não explicitado do que disse Lula: "Banqueiros, donos do capital, uni-vos em torno de mim! Eu sou a ordem, o fiador da vossa farra e da vossa segurança!". Talvez seja isso o que defina historicamente a atual presidência: numa ponta, abana os ricos, na outra, expande o sopão dos miseráveis e mantém sob certo controle, na base da embromação, a panela de pressão dos movimentos sociais, já alquebrados pelo curso do mundo.