28 julho 2006
Parindo o novo
Luís Nassif
28/07/2006
E, aí, retorno às analogias com a década de 20. No período, as elites intelectual e empresarial brasileiras davam as costas para o Brasil e tentavam se firmar como elite européia. O deslumbramento era conseqüência do processo de globalização financeira que já entrava em seus estertores.
Nas ruas, havia uma insatisfação generalizada e difusa contra o estado de coisas, mas sem que se soubesse direito o que mudar, o que fazer. A conseqüência era a série de quarteladas que, se de um lado demonstrava falta de rumo, de outro mostrava que o país estava vivo e se mexendo.
É nesse período que se consolida uma rica cultura popular urbana no Rio de Janeiro. Em São Paulo, os filhos da elite rural montam a Semana de 22, com sede e fome de Brasil. Levaria alguns anos a mais para que essa insatisfação se materializasse em mudanças.
Em tudo o momento atual lembra os anos 20, com algumas diferenças. Em vez de quarteladas, tem CPIs e escândalos na mídia -não poupando ninguém, de Collor e Fernando Henrique a Lula. Essa insatisfação não é estéril, embora os cultivadores do escândalo, em sua maioria, o sejam.
Nos anos 20, enquanto os intelectuais falavam do fim do país, de sua falta de expressão cultural, estava sendo moldada uma cultura popular extraordinariamente rica que traria desdobramentos na música erudita, na literatura.
No século 21, esse novo Brasil está pronto. E nada como testemunhar o casamento da ancestral Academia com os sambistas da Mangueira para acreditar que, independentemente de eleições, dos escândalos reais e dos fabricados, o país caminha. Já tem massa crítica para o salto, para o surgimento, em um ponto qualquer do futuro, do estadista que o recoloque no rumo.
Luís Nassif
28/07/2006
E, aí, retorno às analogias com a década de 20. No período, as elites intelectual e empresarial brasileiras davam as costas para o Brasil e tentavam se firmar como elite européia. O deslumbramento era conseqüência do processo de globalização financeira que já entrava em seus estertores.
Nas ruas, havia uma insatisfação generalizada e difusa contra o estado de coisas, mas sem que se soubesse direito o que mudar, o que fazer. A conseqüência era a série de quarteladas que, se de um lado demonstrava falta de rumo, de outro mostrava que o país estava vivo e se mexendo.
É nesse período que se consolida uma rica cultura popular urbana no Rio de Janeiro. Em São Paulo, os filhos da elite rural montam a Semana de 22, com sede e fome de Brasil. Levaria alguns anos a mais para que essa insatisfação se materializasse em mudanças.
Em tudo o momento atual lembra os anos 20, com algumas diferenças. Em vez de quarteladas, tem CPIs e escândalos na mídia -não poupando ninguém, de Collor e Fernando Henrique a Lula. Essa insatisfação não é estéril, embora os cultivadores do escândalo, em sua maioria, o sejam.
Nos anos 20, enquanto os intelectuais falavam do fim do país, de sua falta de expressão cultural, estava sendo moldada uma cultura popular extraordinariamente rica que traria desdobramentos na música erudita, na literatura.
No século 21, esse novo Brasil está pronto. E nada como testemunhar o casamento da ancestral Academia com os sambistas da Mangueira para acreditar que, independentemente de eleições, dos escândalos reais e dos fabricados, o país caminha. Já tem massa crítica para o salto, para o surgimento, em um ponto qualquer do futuro, do estadista que o recoloque no rumo.