18 julho 2006


Síntese
João Sayad
17/07/2006
O Banco Central pratica uma violência ao fixar os juros mais altos do mundo. Gasta R$ 150 bilhões por ano, mais do que todo o país gasta em educação. A decisão de reduzir os juros mais rapidamente depende das glândulas e do sistema límbico do Banco Central, as partes do cérebro responsáveis pelo medo. Mas, quando e se reduzirem os juros, a decisão será apresentada como solução de três equações processadas pelo córtex frontal.
O córtex frontal está localizado na parte da cabeça protegida pela testa. Como a testa larga e generosa de Zidane, que atingiu em cheio o italiano que o ofendeu. Usou a cabeça como arma, o córtex frontal que controla os impulsos como instrumento do impulso, a caixa da razão como martelo de violência, um gesto síntese de civilização, exemplar, praticado à frente do mundo inteiro. Naquele segundo, por mimese, vários brasileiros secretaram litros dos hormônios que retesam os músculos requeridos para uma boa cabeçada nas testas estreitas dos responsáveis pelos juros altos. Frustrados, continuaremos com as dores da gastrite, comuns em pessoas que pensam que, por serem civilizadas, não podem ter o prazer de dar murros ou uma cabeçada.