01 agosto 2006
Dez teses em favor do controle de capitais (2)
J. Carlos de Assis
01/08/2006
Pessoas que ganham muito dinheiro com a liberação do movimento de capitais costumam dizer que o controle de capitais é um tremendo anacronismo que não se justifica numa economia globalizada. Ouvi isso de um presidente do Bank of América, numa das reuniões do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social a que assisti como convidado do ministro Tarso Genro. Esse banqueiro não apenas tentou desqualificar as propostas de controle, como mandou uma carta para Lula no sentido de dissuadi-lo de qualquer veleidade nesse sentido.
Obviamente, nenhum grande magnata financeiro interno ou internacional que acumula lucros no Brasil vai dizer que é contra o controle de capitais porque isso o impediria de dolarizar instantaneamente seus ativos internos, na hipótese de uma crise, ou mesmo no curso normal do funcionamento de economia. Ele precisa de uma justificativa de caráter geral para defender seus interesses pessoais. E é aí que entra a ideologia, em geral fornecida por acadêmicos de poucos escrúpulos.
O caso brasileiro é típico. De um ponto de vista institucional, ainda não temos liberdade completa do fluxo de capitais. Mas a temos na prática, através de expedientes como a CC5, do Banco Central. A consequência disso é que o Banco Central não pode reduzir significativamente a taxa de juros, pois, se o fizer, haverá fuga de capitais. Por outro lado, sendo a taxa de juros muito alta, é preciso fazer superávits primários estratosféricos. Assim, por causa da liberação de capitais, toda a política econômica fica amarrada.
J. Carlos de Assis
01/08/2006
Pessoas que ganham muito dinheiro com a liberação do movimento de capitais costumam dizer que o controle de capitais é um tremendo anacronismo que não se justifica numa economia globalizada. Ouvi isso de um presidente do Bank of América, numa das reuniões do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social a que assisti como convidado do ministro Tarso Genro. Esse banqueiro não apenas tentou desqualificar as propostas de controle, como mandou uma carta para Lula no sentido de dissuadi-lo de qualquer veleidade nesse sentido.
Obviamente, nenhum grande magnata financeiro interno ou internacional que acumula lucros no Brasil vai dizer que é contra o controle de capitais porque isso o impediria de dolarizar instantaneamente seus ativos internos, na hipótese de uma crise, ou mesmo no curso normal do funcionamento de economia. Ele precisa de uma justificativa de caráter geral para defender seus interesses pessoais. E é aí que entra a ideologia, em geral fornecida por acadêmicos de poucos escrúpulos.
O caso brasileiro é típico. De um ponto de vista institucional, ainda não temos liberdade completa do fluxo de capitais. Mas a temos na prática, através de expedientes como a CC5, do Banco Central. A consequência disso é que o Banco Central não pode reduzir significativamente a taxa de juros, pois, se o fizer, haverá fuga de capitais. Por outro lado, sendo a taxa de juros muito alta, é preciso fazer superávits primários estratosféricos. Assim, por causa da liberação de capitais, toda a política econômica fica amarrada.