02 agosto 2006

 

Dez teses em favor do controle de capitais (3)
J. Carlos de Assis
02/08/2006

Vejamos uma questão prática. Estão aplicados atualmente no over recursos acima de R$ 1 trilhão. Imagine-se que metade disso são saldos de caixa (moeda financeira), usados pelas empresas em seus negócios correntes em real. A outra metade estaria, em tese, livre para todo tipo de aplicação: numa crise, como são títulos públicos à vista, os donos poderiam liquidá-los em 24 horas; na virada de um dia para a noite 220 bilhões de dólares tentariam voar para o exterior, provocando uma gigantesca crise cambial, tudo por conta da tal liberdade de capitais.

Na verdade, só não corremos esse risco porque as taxas internas de juros são tão altas que os aplicadores preferem deixar o dinheiro rendendo aqui a mandá-lo para fora, mesmo com toda a tentação da dolarização. Isso dá a idéia exata da função do controle de capitais: é para dar margem de liberdade à política econômica, sobretudo em relação à queda da taxa de juros. Por aí se vê também que a política de juros altos não é necessariamente para combater a inflação. É, sobretudo, para “proteger” o balanço de pagamentos do risco de fuga de capitais “livres”.

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