11 agosto 2006

 

A doença chama-se hemocromatose
Luiz Carlos Mendonça de Barros
11/08/2006

Encontrei no campo da medicina uma doença que representa de forma mais correta os problemas provocados pelo excesso de dólares. Ela se chama hemocromatose e é a patologia que ocorre em um organismo que absorve muito mais ferro do que precisa para viver normalmente. O excesso absorvido fica depositado em órgãos como o coração, os rins e, principalmente, o fígado. Com o passar do tempo, esses órgãos vão ficando "enferrujados", e seu funcionamento, cada vez mais prejudicado. No limite, provocam a morte do paciente. Mas a doença atinge essa situação limite somente depois de muitos anos, décadas seria melhor dizer, sem o tratamento necessário.

Os primeiros sintomas criados por uma moeda excessivamente valorizada já começam a aparecer no Brasil. Se olharmos a taxa de crescimento dos setores produtivos mais afetados pela nossa moeda valorizada e compará-la com a de outros, principalmente os ligados à extração mineral, esse fenômeno fica evidente. A racionalidade de empresas e consumidores está direcionando para as importações um volume crescente de compras que eram realizadas no mercado interno. Por isso, as importações de certos itens, como bens de consumo e componentes industriais, estão crescendo a taxas elevadas. Além disso, na tentativa de competir com as empresas do exterior, os produtores nacionais estão abaixando seus preços e, por isso, reduzindo a rentabilidade de suas operações. Esse fenômeno ajuda no combate à inflação, mas, quando combinado com baixo crescimento, acaba por desestimular os investimentos para aumento de capacidade produtiva.

Ainda na tentativa de compensar os preços mais baixos das importações, as empresas brasileiras estão aumentando a rotatividade de seus funcionários, na busca de compensar com salários mais baixos a perda de rentabilidade em suas operações.

Esse comportamento é grave, na medida em que os setores mais afetados pela valorização cambial e pelo baixo crescimento da economia são justamente os que mais empregam.

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