18 agosto 2006

 

Introdução à burrice monetária brasileira
17/08/2006
J. Carlos de Assis

Quando um pais faz superávit comercial, significa que vendeu mais do que comprou em bens e serviços. Esse saldo em dólar fica com o Banco Central. O Banco Central se obriga a entregar o valor correspondente em reais aos exportadores, que os usam para pagar salários e distribuir lucros. Isso teria um efeito expansivo sobre a economia, porque o fluxo de moeda aumentaria relativamente à produção interna, tendo em vista a parte física desta que foi exportada. Contudo, o Banco Central, com medo do efeito monetário expansivo sobre a inflação, enxuga o saldo externo convertido em reais através de uma política contracionista – isto é, lançando novos títulos no mercado, a taxas atraentes.

De fato, para enxugar a moeda, ele tem que manter elevada a taxa de juros. Taxas de juros altas atraem inversões externas especulativas, e quase só elas, pois o mercado interno está retraído pelo desemprego e baixa renda do trabalho. Como são inversões especulativas, elas não vêm mesmo aumentar nossa produção, mas para ficar rolando no over, ganhando juros sobre juros, sem qualquer contrapartida de investimento produtivo. Assim, o efeito monetário final do aumento da exportação é o desestímulo à produção pelo enxugamento do saldo monetário oriundo do superávit comercial.

O que fizeram, no passado, paises estruturalmente superavitários no balanço de pagamentos, como Japão e Alemanha, e, hoje, os gigantes emergentes, China e Índia? Separaram ou separam, pelo controle de capitais, o mercado monetário interno do externo. Eles não esterilizaram, ou não esterilizam o saldo externo. Usaram-no e usam-no para expandir a economia real. O caso da China é pedagógico. Ela tem reservas hoje superiores ao seu produto interno bruto.

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